O sargento da Polícia Militar (PM), Charles Henrique Squarcio, foi condenado pelo Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais (TJMMG), nessa quinta-feira (18), a 11 anos e seis meses de prisão. O policial, lotado no Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), cumprirá pena pelos crimes de obstrução da justiça em investigação de organização criminosa armada e por corrupção passiva.
Foi mantida, também, a prisão do agora condenado e negado o direito dele recorrer em liberdade.
Squarcio, como era conhecido, vinha passando informações privilegiadas para o “número um” do Terceiro Comando Puro (TCP) em Minas Gerais, Rafael Carlos da Silva, conhecido como “Paraíba” ou “Parazão”. O bandido é líder do tráfico na parte alta da Cabana do Pai Tomás, na Regional Oeste de BH, e encontra-se foragido, no Rio de Janeiro.
Momento da prisão do sargento Squarcio na sede do Ministério Público
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Perda do cargo
A condenação prevê, ainda, que o TJMMG defina, em procedimento próprio, a possível perda da graduação de Squarcio como policial militar e expulsão da corporação. O processo segue paralelamente e ainda não foi finalizado.
Defesa se posicionou
A defesa de Charles Henrique Squarcio se posicionou em relação à condenação, por meio da advogada Talita Assis, alegando que algumas das provas divulgadas não foram comprovadas e informando que irão recorrer.
Leia o pronunciamento na íntegra:
“A Justiça Militar proferiu na data de ontem a sentença condenatória no caso do Sargento Squarcio. O Ministério Público, ao longo da sessão de julgamento, pediu a condenação do sargento em pouco mais de 30 anos. Pediu também que ele fosse excluído da corporação e ainda que ele fosse condenado a pagar uma indenização por danos morais coletivos no valor de 277 mil reais. A defesa conseguiu demonstrar que muitas das acusações que foram feitas não foram comprovadas ao longo de toda a instrução. É importante dizer que aqueles dois prints que foram veiculados reiteradas vezes na mídia, não foram comprovados. Houve a apreensão de inúmeros aparelhos telefônicos de diversas pessoas e os dados foram extraídos. E aí a conversa, a mensagem daqueles dois prints, elas não foram localizadas. Então, encerrou-se ontem a sessão de julgamento. No final, o sargento Squarcio foi condenado a pena de 11 anos e 6 meses. A defesa considera sim que esse foi um passo importante. Foi o início da efetivação da justiça que nós buscamos. Iremos recorrer porque entendemos que esse resultado ainda pode ser melhor”.
Sargento Squarcio fazia promessas à facção
A Itatiaia teve acesso a diversos prints de conversas do sargento Squarcio com o próprio Parazão e outras com Fabíola Kathleen Santos Guimaraes Lelis, de 25 anos, companheira de “Paraíba” e condenada a 10 anos, três meses e 10 dias de reclusão, em regime fechado. Ele se passava por delegado e prometia mundos e fundos para a organização criminosa.
Squarcio chegou a dizer que a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), força de elite da Polícia Civil, teria que pedir benção à ele para poder atuar.
As últimas mensagens trocadas entre Squarcio e Fabíola são de onze de janeiro, apenas cinco dias antes dele ser preso. A Itatiaia teve acesso aos prints.
Nessas mensagens ele afirma que precisava conversar diretamente com Paraíba e que ele seria “muito trouxa” de não fazer acordo com ele. O militar insiste muito no diálogo com o traficante.
Fabíola chega a perguntar se Squarcio conseguiria tirar sua tornozeleira eletrônica de monitoramento dela e ele afirma, falsamente, que o pedido já estaria assinado, porém, alega que ainda não havia mandado ao juiz responsável devido a um recesso.
O militar promete, ainda, enviar um modelo de petição para ser feito pelos advogados de Paraíba e Fabíola.
Durante o julgamento desse caso, o próprio Parazão prestou depoimento por vídeo chamada. Infelizmente, não podemos divulgar o depoimento do criminoso, uma vez que o caso segue em segredo de Justiça, mesmo já tendo sido julgado.
Operação Êxodo
As conversas aconteceram no contexto da Operação Êxodo, uma megaoperação do Gaeco contra o TCP em Minas Gerais que teve o seu ápice em 27 de novembro do ano passado.
A ação contou com trabalho investigativo da Polícia Civil de Minas Gerais e atuação da Polícia Militar de Minas Gerais e prendeu 14 pessoas, 13 armas de fogo, sendo um fuzil 556 e dez pistolas semi automáticas, além de mais de 1.500 munições de diversos calibres. Também foram confiscados R$ 340 milhões que seriam da facção.
Das
- Judeúdson Clevis de Andrade, de 37 anos, apontado como operador financeiro;
- José Carlos Ferreira, de 58 anos, apontado como um dos proprietários de uma provedora de internet ilegal;
- Cleider Tadeu Barbosa, de 47 anos, suspeito de fazer movimentações financeiras e de esconder drogas e armas em casa.
A Itatiaia mostrou em primeira mão, em janeiro de 2024, a