Minas Gerais chega perto de 1 mil ocorrências de violência contra profissionais da saúde neste ano. Dados apresentados à Itatiaia pelo Ministério do Trabalho apontam 980 registros até essa segunda-feira (18), sendo 70% dos casos de violência física.
“São situações cotidianas. Convivemos com essa realidade há anos. Muitos trabalhadores estão afastados e já não atuam mais na assistência. Quando falamos da falta de pessoal no atendimento, também estamos falando desse absenteísmo: profissionais afastados para tratamento, muitos em uso de medicação controlada”, disse a diretora-executiva do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Sistema Único de Saúde (Sind/Saúde), Neusa Freitas.
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Entidades que representam os trabalhadores organizam uma campanha pela proteção desses profissionais. O superintendente regional do Ministério do Trabalho em Minas, Carlos Calazans, afirma que buscará reforço junto às polícias Civil, Militar e à Guarda Municipal.
“Respeite o servidor. Qualquer agressão é crime. Qualquer xingamento, desacato é crime. Vamos dizer isso na campanha e também procurar as forças de segurança para proteger os profissionais de saúde.”
Voz da população
Usuários do SUS em Belo Horizonte criticaram os episódios de violência. Vanete Martins, 43 anos, cozinheira: “Acho muito ruim. A pessoa vem para trabalhar e a gente para ser atendido. Não tem condição de alguém agredir os funcionários.”
Edson Galdino de Paula, 63 anos, complementou: “Não pode acontecer de jeito nenhum. Nos centros de saúde tem criança, adulto, idoso. É inadmissível.”
Falta de guardas nas unidades
O diretor de campanhas do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Samuel Pires,
“Caso isso aconteça, qual é o plano B? Os profissionais não podem ficar desprotegidos. Queremos saber qual alternativa será oferecida, tanto para os servidores quanto para a população, que é a maior prejudicada.”
Resposta da prefeitura
A Prefeitura de Belo Horizonte foi procurada pela Itatiaia ao longo da semana passada e também nessa segunda. O pedido era para uma entrevista sobre estratégias para garantir mais segurança aos profissionais da saúde e para esclarecer se haverá retirada da Guarda Municipal das unidades.
A administração, no entanto, não concedeu entrevista. Em nota, informou que até 11 de agosto foram registradas 52 ocorrências de agressão — número inferior ao apontado pelo Sindibel, que contabilizou 63 casos entre janeiro e junho deste ano, o que dá uma média de mais de três agressões por dia.
A prefeitura acrescentou que oferece apoio aos trabalhadores vítimas de violência e que a atuação da Guarda Civil Municipal é planejada de acordo com o histórico de cada unidade da rede.