Belo Horizonte tem registrado, em média, três agressões diárias contra trabalhadores da saúde. A maioria dos casos é de violência verbal e psicológica, mas também há registros de danos patrimoniais e de violência física.
Os dados são de um relatório do Sindicato dos Servidores Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), obtido pelo jornal da Itatiaia. Entre janeiro e junho deste ano, foram 603 ocorrências, muitas vezes com mais de um tipo de violência no mesmo episódio.
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Segundo a diretora de comunicação do sindicato, Aline Lara, o impacto vai além das marcas físicas.
“Qualquer tipo de violência deixa marcas no trabalhador. Muitas vezes ele precisa se afastar por longos períodos e as equipes não são recompostas. Quem continua trabalhando fica sobrecarregado e, no fim das contas, o usuário também é prejudicado”, afirma.
Relatos de violência
Uma auxiliar de enfermagem com 27 anos de carreira relata que os xingamentos se tornaram rotina.
“Praticamente todos os dias temos agressão verbal em algum ponto de saúde. Muitas vezes é por falta de medicamento. Pelo menos uma pessoa, diariamente, sofre esse tipo de agressão.”
Outra servidora lembra as consequências de um episódio em 2023.
“A filha da paciente me pegou por trás, puxou meu cabelo e a mãe me deu um soco no nariz, quebrando meu nariz”, conta uma técnica de enfermagem com 15 anos de experiência.
Casos graves foram registrados no fim de 2023. Em um deles, uma enfermeira foi agredida por uma paciente dentro de um centro de saúde. Em outro, um médico de 50 anos foi atacado pelo marido de uma paciente no Centro de Saúde Santa Amélia, na Pampulha.
Na ocasião, o prefeito Fuad Noman determinou a volta da Guarda Municipal para atuar de forma fixa em todas as unidades.
Incerteza sobre segurança
Agora, porém, surgiram rumores de que a Guarda pode ser retirada novamente dos centros de saúde, o que preocupa os trabalhadores.
“Se isso acontecer, vamos ficar descobertos, à mercê. Qual é o plano B?”, questiona uma servidora.A Prefeitura de Belo Horizonte ainda não confirmou se haverá mudanças.
Amanhã, a Itatiaia traz a segunda parte desta reportagem, apontando possíveis soluções para reforçar a segurança nas unidades e o posicionamento oficial da PBH.