A Polícia Civil (PC) concluiu o inquérito que apurava um caso de violência sexual em Sabará, na Grande BH, indiciando a mãe de uma menina de 12 anos que gravou uma série de vídeos da criança dançando sensualmente seminua e do companheiro da mulher, de 43 anos, que abusou da garota e mantinha conversas de teor sexual com ela. O casal está preso.
A mulher foi indiciada pelo crime de produção de material pornográfico infantil e o homem por estupro de vulnerável. Porém, com a perícia dos aparelhos celulares do casal, é possível responderem por outros artigos. As informações foram passadas em coletiva realizada nesta quinta-feira (2).
Segundo a PC, a investigação apontou que, a princípio, essas imagens não chegaram a ser veiculadas em redes sociais. Porém, a mãe, de 41 anos, tinha ciência dos abusos praticados por seu companheiro contra sua filha.
Denúncia anônima
A investigação começou após o Conselho Tutelar receber uma denúncia anônima de que o investigado estaria beijando a boca da criança perto da casa onde moravam. Os conselheiros então foram até o local recolher a criança.
Na sequência, já no carro, ouviram um áudio da mãe da menina a mandando apagar os vídeos que estavam no celular, que “não contasse nada” aos conselheiros e que não bloqueasse o investigado dos contatos.
De posse do celular da criança, foram encontrados vídeos na lixeira do aparelho onde a criança dançava sensualmente apenas de calcinha. Em uma das gravações, a mãe aparecia dançando junto da menina. Em outra, foi possível ver a mulher filmando a garota de trás, com outro telefone. Além disso, em alguns vídeos, a vítima olhava para o lado, como se tivesse recebendo orientações da genitora de como proceder nas danças.
“A vítima afirma que a mãe pedia para ela gravar os vídeos e que, às vezes, a genitora filmava”, contou a delegada Joana Miraglia.
A menina relatou, ainda, que o companheiro de sua mãe praticava atos libidinosos contra ela, a tocando nos seios e genitália. Porém, afirmou que não houve penetração, o que ficou comprovado após realização de exames.
Em depoimento, a mãe alegou que gravou os vídeos a pedido da menina e que não os enviou para ninguém.
Segundo a PC, o pai da criança já teve sua guarda, porém, no final de 2023, a guarda voltou para a mãe. A menina foi encaminhada pelo Conselho Tutelar para um abrigo. A entidade e o Ministério Público discutem qual será o melhor destino para ela.
Investigado negou crime, mas se contradisse
A PC informou que o homem negou todas as acusações, porém se contradisse em alguns momentos. Ele revelou que deu o aparelho celular para a menina, mas, inicialmente, afirmou que não conversava com a garota. Depois, mudou sua versão, afirmando que mantinha conversas com ela, mas que não lembra do teor das conversas.
“O que as análises dos aparelhos celulares demonstram é que ele mantinha relacionamento tanto com mãe, quanto com a criança. Ele conversa diretamente com a criança falando sobre atos que teriam acontecido no passado, no sentido de que ‘foi bom aquele dia que eu fiz isso, que eu fiz aquilo’, e, em outro momento, fala que se ela não fizer determinada coisa, iria romper com as duas”, contou Joana Miraglia.
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Como o relacionamento entre os suspeitos era recente, a PC acredita que os crimes começaram a ser praticados no primeiro semestre de 2025. Não foi possível precisar quantas vezes as situações aconteceram, porém, existem indícios de que “foram algumas vezes”.
Criança já tinha histórico no Conselho Tutelar
O Conselho Tutelar foi efetuar o recolhimento da criança logo após a denúncia porque já havia um histórico de abrigamento da menina. Ela havia voltado a residir com a mãe somente no final de 2023.
“Como já existia o acompanhamento, diante dessas denúncias e de acordo com o Ministério Público, fizeram o recolhimento da criança”, explicou a delegada Joana Miraglia.