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Mais de 3,6 mil multas por estacionar em vagas de pessoas com deficiência foram aplicadas em BH

Enfermeira relata que 80% das vezes não consegue estacionar devido ao uso indevido das vagas reservadas; BH Trans aplicou mais de 3.600 multas este ano

Mais de 3,6 mil multas por estacionar em vagas de pessoas com deficiência foram aplicadas em BH

O desrespeito às vagas de estacionamento reservadas para pessoas com deficiência tem se tornado um problema recorrente em Belo Horizonte, causando frustração e transtornos para aqueles que têm o direito legal de utilizá-las. Segundo dados da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), mais de 3.600 mil multas foram aplicadas somente em 2025 na capital mineira por uso indevido dessas vagas.

A enfermeira Melissa Santos, que possui deficiência física adquirida, relata uma situação alarmante: ‘Em 80% das vezes que preciso estacionar, a vaga do deficiente está ocupada. E desses 80% de vezes, 100% das vezes ela está ocupada por pessoas que não possuem credencial de deficiente físico, ou por idosos que usam indevidamente a credencial do idoso, ou por pessoas sem qualquer credencial’, relata ela à Itatiaia.

Impacto na rotina e necessidade de legislação mais rígida

Além da frustração, a situação causa perda de tempo considerável para quem precisa das vagas, segundo Melissa. “Eu preciso ficar dando voltas com o carro, procurando outros estacionamentos”, lamenta ela.

Estacionar os veículos nas vagas reservadas as pessoas com deficiência ou idosos, sem credencial, é considerada infração gravíssima, com multa de R$ 293,47, perda de sete pontos na carteira de habilitação e possibilidade de remoção do veículo. No entanto, essas penalidades parecem não ser suficientes para coibir a prática.

A enfermeira, que utiliza a credencial há 20 anos, observa que muitas pessoas não se importam com as multas e continuam estacionando irregularmente.

“Eu acredito que a legislação precisava ser um pouco mais rígida, para as pessoas aprenderem a respeitar os espaços demarcados a outras pessoas”, sugere.

Belo Horizonte conta com 1.310 vagas de estacionamento reservadas a pessoas com deficiência, sendo 627 rotativas e 683 em áreas livres, conforme informações da BH Trans. Moradores da cidade, como Gasparino Rodrigues do Santo Júnior, de 58 anos, e Aloísio Eustáquio, ambos aposentados, concordam que o problema é resultado de falta de educação e consciência da população.

“É uma falta de educação e informação, né? A gente procura e a vaga está sempre ocupada”, lamenta Gasparino. Segundo Aloísio, “é uma falta de consideração porque a pessoa com deficiência nem sempre está com o acompanhante e se existem as vagas é para ser respeita”, finaliza.

Jornalista graduada pelo Centro Universitário Newton Paiva em 2005. Atua como repórter de cidades na Rádio Itatiaia desde 2022