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PM faz mega apreensão de cocaína na Grande BH; membro da alta cúpula do PCC seria o dono

Prejuízo dado ao narcotráfico é de cerca de R$ 5 milhões; droga seria de traficante que fugiu da cadeia em esquema de corrupção

Policiais militares apreenderam grande quantidade de drogas na Grande BH

Militares do Tático Móvel da 7ª Cia. Independente da Polícia Militar (PM) realizaram uma mega apreensão de cocaína em uma casa no bairro Vale do Sol, em São Joaquim de Bicas, na Grande BH. Os policiais encontraram cerca de 64 kg da droga, sendo grande parte já em barras, e aproximadamente 24 kg do entorpecente em forma mais pura, que poderia ser desdobrada, ou seja, render uma quantidade ainda maior. O prejuízo estimado para os traficantes foi de cerca de R$ 5 milhões.

A PM chegou ao local após receber denúncia anônima de que haveria um grande carregamento de drogas na residência.

Lá, os policiais identificaram uma casa abandonada, a famosa “cachanga”, como são chamados imóveis usados para esconder drogas. Lá dentro, a PM encontrou, além do produto, uma prensa hidráulica e vasto material que seria usado na dolagem, processo de embalagem para venda, da cocaína.

Cocaína seria de ‘Dalmo, o Rebelde’

A principal suspeita é que a cocaína seja de Dalmo Gomes do Santos, conhecido como “Dalmo, o Rebelde”, um dos bandidos mais procurados de Minas Gerais.

‘O Rebelde’ fugiu da Apac auxiliado por esquema de corrupção

“Dalmo, o Rebelde” fugiu da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Santa Luzia em 2017, sendo resgatado por homens de fuzis e terno. Desde então ele nunca mais foi visto.

A Itatiaia denunciou que um esquema de corrupção levou um bandido de alto nível de periculosidade como Dalmo para Apac, modelo alternativo para presos que não são considerados perigosos. Isso levantou questionamentos no meio policial.

Ele é apontado como Sintonia Final do PCC, ou seja, da alta cúpula e também tem a sua própria organização criminosa, a AR 118, sendo A e R a representação de Anjo Rebelde, como ele se autointitula.

O esquema

A investigação, acessada com exclusividade pela Itatiaia, revelou que a realocação de Dalmo para a APAC de Santa Luzia fez parte de um esquema de venda de vagas para presos perigosos que planejavam fugir da unidade.

Além de Dalmo, o esquema também envolveria as transferências de Luiz Henrique Nascimento Vale, o Totó, considerado o chefe do tráfico no bairro Santa Cruz, e Jociney César da Silva, o vulgo Cara de Lixa, líder do tráfico em Betim com mais de 120 anos em condenações.

O esquema criminoso contava com a participação de figuras importantes, incluindo o advogado de Dalmo, Jamil Custódio Salomão, uma então estagiária de direito, Támita Rodrigues Tavares, e o então diretor da APAC de Santa Luzia, Humberto Andrade Castro.

Segundo a sentença judicial de cem páginas, assinada pelo Juiz Fábricio Simão da Cunha Araújo, o grupo falsificava documentos para dar uma aparência legal à transferência para a APAC. Com a documentação fraudulenta, o processo era então autorizado pelo Ministério Público e pela Vara de Execuções Penais de Santa Luzia.

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Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.