Passageiros do micro-ônibus que bateu na
‘Livramento de Deus’
O micro-ônibus, que transportava pacientes, saiu da cidade de Paracatu, no Noroeste do estado, por volta de 23h e seguia em direção a Belo Horizonte, para atendimento hospitalar.
O jardineiro Célio Tavares da Silva, de 52, viajava para realizar tratamento de cirurgia no joelho e acredita ter sobrevivido por um milagre. “Era para nós todos estarmos mortos.” Com o impacto, ele foi parar no corredor. “Acho que o cinto abriu, porque eu estava de cinto. Aí assustei muito. Então, levantei procurando minha esposa, que estava do meu lado e acabou perdida no corredor entre as cadeiras”, contou.
O passageiro também defendeu a necessidade de dois motoristas nesse tipo de viagem. “De Paracatu a Belo Horizonte são 500 km, é muito pesado para um motorista só.”
Imprudência
Segundo os passageiros, o motorista fez uma ultrapassagem em um trecho de pista dupla, mas, ao retornar para a faixa da direita, bateu fortemente na traseira da carreta.
“Ele foi fazer uma ultrapassagem junto com outra carreta, que acabou jogando para o acostamento, e bateu nesse outro caminhão”, contou vendedora Rosilene Oliveira, de 33, que acompanhava o esposo para tratamento de anemia (HPN).
Ela criticou a velocidade excessiva. “É imprudência também, né? A velocidade demais. Não tem necessidade disso tudo. Para mim estava muito rápido”.
Aparecida dos Reis Nunes Monteiro, de 58 anos, também concorda: “Ele corre muito, muito, muito. E tem que ter mais de um motorista. Não pode ser só um.” E reiterou: “Eu já vim com ele outras vezes. Ele corre muito. Não é só ele, não.”
Ela ainda falou sobre a exaustão dos motoristas devido à distância e à jornada de trabalho. “Eles trabalham muito, eles cansam, né? O intervalo é pequeno para descansar.” O condutor ficou preso às ferragens.
De acordo com os bombeiros, ele foi retirado consciente e encaminhado pela Unidade de Suporte Avançado (USA) da concessionária Via Cristal para o Hospital Municipal de Sete Lagoas.
Demora para assistência
Os passageiros também reclamaram da falta de suporte da Prefeitura de Paracatu no hospital em Sete Lagoas após o acidente.
Célio afirmou que, apesar de um amigo ter informado que uma van seria enviada, eles aguardavam por horas a chegada do veículo. Aparecida acrescentou que os pacientes estavam “com dor, com fome” e sugeriu que a prefeitura poderia, ao menos, encaminhá-los para “uma casa de apoio, alguma parceria com a prefeitura daqui”.
Ele também criticou a falta de estrutura em sua cidade. “Se houvesse atendimento no interior do estado, em Paracatu ou até em município próximo, eu não precisaria me deslocar até Belo Horizonte para tratar do joelho.”
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de Paracatu informou, por meio de nota, que uma equipe multidisciplinar que presta toda a assistência necessária aos passageiros e ao motorista, além de acompanhar de perto a evolução clínica de cada um. Confira a íntegra:
''A Prefeitura de Paracatu informa que, na manhã desta terça-feira (26/08), ocorreu um acidente envolvendo um veículo da frota municipal que transportava 9 passageiros e o motorista.
Dos ocupantes, três passageiros e o motorista sofreram fraturas, mas não correm risco de vida. Todos os feridos receberam os primeiros atendimentos médicos e estão sendo encaminhados para unidade hospitalar em Sete Lagoas.
Uma equipe multidisciplinar da Prefeitura já está a caminho para prestar toda a assistência necessária aos passageiros e ao motorista, bem como acompanhar de perto a evolução clínica de cada um.
A Prefeitura de Paracatu lamenta o ocorrido e reafirma seu compromisso com a segurança e o bem-estar da população, mantendo o monitoramento integral da situação e oferecendo o suporte adequado às vítimas e seus familiares.’'
A Itatiaia entrou em contato com a Prefeitura de Paracatu em busca de posicionamento sobre as alegações dos passageiros do micro-ônibus, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação da administração municipal.