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Gari morto em BH: MP denuncia Renê Júnior e ele pode pegar mais de 30 anos de prisão

Renê Júnior, de 47 anos, foi denunciado por homicídio triplamente qualificado, fraude processual, ameaça e porte ilegal de arma; ele segue preso preventivamente

Audiência de custódia de Renê Júnior

Renê Júnior, de 47 anos, acusado de assassinar o gari Laudemir Fernandes, de 44, no mês passado, foi denunciado pelo Ministério Público (MP) por homicídio triplamente qualificado, além dos crimes de porte ilegal de arma de fogo, ameaça e fraude processual. As informações foram divulgadas em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (12).

Segundo o promotor e coordenador Estadual das Promotorias de Justiça do Tribunal do Júri, a Polícia Civil havia indiciado Renê por homicídio qualificado, mas o MP acrescentou a qualificadora de perigo comum e o crime de fraude processual. O homicídio foi considerado triplamente qualificado pelo MP.

“São três qualificadoras. A primeira, de natureza subjetiva, é o motivo fútil, banal, que teria levado à prática do crime. Além disso, há duas circunstâncias de natureza objetiva, também previstas no artigo 121, parágrafo 2º, do Código Penal. A primeira delas é o uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, surpreendida enquanto trabalhava, sem qualquer possibilidade de reação. A segunda é o fato de o crime ter sido cometido em via pública de intenso movimento, colocando em risco também terceiros que poderiam ter sido atingidos”, explicou o promotor.

Na prática, se condenado, Renê pode pegar mais de 30 anos de prisão — com a pena do homicídio como principal (12 a 30 anos), somada às demais.

Júri popular

Ainda não foi definido em que moldes ocorrerá o julgamento. “Nesse primeiro momento, com a denúncia oferecida, cabe ao Poder Judiciário analisar se ela será recebida. Caso seja, inicia-se a primeira fase do procedimento, que é dividido em duas etapas. Nessa fase inicial, são ouvidas as testemunhas tanto da acusação quanto da defesa”, disse o promotor.

Ao final, o Judiciário poderá decidir se o acusado deve ser submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, o chamado Tribunal Popular. "É importante destacar que dessa decisão cabe recurso de ambas as partes e, somente após o trânsito em julgado — ou seja, quando se torna definitiva — o réu poderá, de fato, ser levado a julgamento popular”, explicou.

Renê continua preso preventivamente. Para o MP, a gravidade do crime, a repercussão social e a necessidade de garantir o andamento das investigações justificam a manutenção da prisão.

O MP também pediu que, em caso de condenação, Renê pague uma indenização mínima de R$ 150 mil à família de Laudemir, valor que pode ser complementado por ações na Justiça Cível.

Delegada não é denunciada

A delegada Ana Paula Balbino, indiciada por permitir o uso de sua arma no crime e por prevaricação, não será denunciada pelo MPMG. O órgão entendeu que, como as penas previstas são inferiores a quatro anos e não envolvem violência, o caso pode ser resolvido por meio de um acordo de não persecução penal, a ser analisado pela Justiça em processo separado do marido.

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O crime

Laudemir de Souza Fernandes foi morto com um tiro no abdômen na manhã do dia 11 de agosto, no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte. A vítima chegou a ser socorrida por populares, mas não resistiu.

A vítima trabalhava na coleta de lixo quando Renê Júnior, que dirigia um BYD de cor cinza, que seguia no sentido contrário, se irritou, alegando que o veículo atrapalhava o trânsito.

Armado, Renê apontou a arma para a motorista do caminhão e ameaçou atirar no rosto dela. Ele seguiu, passou pelo caminhão, desceu do carro com a arma em punho, deixou o carregador cair, o recolocou e atirou contra o gari.

A bala atingiu a região das costelas do lado direito, atravessou o corpo e se alojou no antebraço esquerdo. Renê foi preso horas depois, ao chegar à uma academia de alto padrão na Região Oeste de BH.

Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.