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Ex-mulher entrega chefe do esquema de mineração em MG e revela R$ 53 milhões escondidos

Depoimento da ex-mulher revela atuação de Alan Cavalcante do Nascimento, preso e apontado como líder de grupo que pretendia movimentar R$ 18 bilhões

Ex-mulher entrega chefe do esquema de mineração em MG e revela R$ 53 milhões escondidos

Apontado como chefe de uma organização criminosa que operava esquema de mineração ilegal em Minas Gerais, Alan Cavalcante do Nascimento, principal alvo da ‘Operação Rejeito’, foi desmascarado pela ex-mulher.

A informação foi divulgada nesse domingo (21) em reportagem exibida pelo Fantástico, da TV Globo. As investigações da Polícia Federal (PF) indicam que Alan estava em processo de separação. A ex-mulher, que não será identificada, contou como funcionava o esquema e onde o empresário escondia parte do dinheiro em espécie.

Segundo ela, “teve uma mala pegada em Alagoas”. “Ele guardou essas malas num apartamento, com valor de US$ 10 milhões”, relatou.

Serra do Curral como alvo

Segundo a investigação, Alan conseguia contratos e licenças ilegais para abrir minas e explorar minério de ferro, inclusive na Serra do Curral, cartão-postal de Belo Horizonte.

De acordo com a ex-mulher, o empresário chegou a comprar imóveis em condomínios onde viviam juízas responsáveis por processos que o envolviam. Ele também pedia que ela se aproximasse das famílias dessas magistradas.

“Ele já tinha comentado de uma juíza. Que tinha que ser no mesmo prédio da juíza. Ele tentou me aproximar dos filhos, brincar com eles e tal. E ele falou: se aproxima deles pra gente criar um relacionamento bom com ela”, disse.

Ex-mulher entrega chefe do esquema de mineração em MG e revela R$ 53 milhões escondidos

Relação política e ameaças

Alan também tentou se aproximar de Marília Carvalho de Melo, secretária do Meio Ambiente de Minas Gerais. Em 2024, porém, o sócio do esquema, o ex-deputado João Alberto Paizão Lages, ameaçou a gestora.

“Ô ilustre secretária de m*** nenhuma. Aqui é João Alberto Lages que tá falando. Você para de bandidagem, de tentar extorquir a Global no nosso licenciamento”, disse João, que também é investigado.

Marília afirmou que não entendeu a acusação: “Não sei o que João quis dizer quando fala de bandidagem ou extorsão. Muito pelo contrário, a minha intenção foi garantir a legalidade nesse processo. E por isso eu fui ameaçada”.

Presos transferidos

Três presos na ‘Operação Rejeito’, deflagrada na última semana pela PF, foram transferidos no sábado (20) para um presídio de segurança máxima em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

A Polícia Federal revelou que Alan seria responsável por decisões estratégicas, movimentações financeiras e articulações com servidores públicos. O grupo movimentava valores bilionários por meio de empresas de fachada, pagamento de propina e concessão irregular de licenças ambientais.

‘Operção Rejeito’

A ‘Operação Rejeito’ foi deflagrada na última quarta-feira (17), quando revelou o funcionamento de um esquema de mineração ilegal em Minas Gerais. Segundo as investigações, a organização criminosa era formada por empresários, lobistas e agentes públicos que aprovavam projetos irregularmente e exploravam minério em áreas de preservação.

Ao todo, 15 pessoas foram presas. No total, foram expedidos 22 mandados de prisão preventiva, além de buscas e apreensões em imóveis de alto padrão. Residências em condomínios de luxo na Grande Belo Horizonte, principalmente em Nova Lima, e um apartamento em Maceió–AL foram alvos da operação.

A Justiça também determinou o bloqueio de bens do grupo, estimados em até R$ 1,5 bilhão. As propinas eram pagas em dinheiro vivo ou depósitos bancários. Em alguns casos, o repasse era mensal, de acordo com as investigações. Durante a entrevista, o delegado detalhou que, em outros casos, a propina era ligada a projetos específicos. A PF estima que o esquema poderia gerar lucros acima de R$ 18 bilhões para a organização criminosa.

Entenda o caso

  • ‘Operação Rejeito’ teve início em 2022;
  • Investigação identificou mais de 60 empresas usadas para lavagem de dinheiro e pagamento de propinas;
  • Servidores públicos foram cooptados para aprovar projetos ambientais ilegais;
  • Propina era paga em espécie e via depósitos bancários;
  • Grupo poderia lucrar R$ 18 bilhões com a exploração irregular;
  • Foram expedidos 22 mandados de prisão preventiva; 15 pessoas foram presas;
  • Imóveis de luxo na Grande BH e em Maceió foram alvos de busca e apreensão;
  • Patrimônio bloqueado chega a R$ 1,5 bilhão
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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.