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Associação de proteção veicular nega cobertura e deixa clientes no prejuízo em BH

Empresa com sede em Belo Horizonte tem mais de 100 ações no Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Comerciante precisou acionar a PM para ser atendido pela empresa

Clientes da Nacional Seguro Auto Clube, associação de proteção veicular, denunciam a negativa da empresa em cobrir sinistros. O comerciante Valdecir Cardoso, morador do bairro Serra, região Centro-Sul de Belo Horizonte, procurou a Itatiaia para relatar a situação. Ele conta que é associado da Nacional há sete anos e garante que sempre pagou em dia. Em maio deste ano, teve o carro, uma picape Strada, atingido por outro veículo e precisou acionar a empresa. No entanto, após enviar toda a documentação exigida, a Nacional deixou de responder às mensagens dele, além de bloqueá-lo em todos os canais de comunicação.

Para ser atendido presencialmente pela Nacional, Valdecir conta que precisou acionar a Polícia Militar (PM) e ir até a sede da empresa, localizada no Distrito Industrial do Barreiro. “Quando sofri o acidente, mandei todos os documentos possíveis para a seguradora e eles falaram que iriam negar o conserto do meu carro. E não falaram motivo específico. Tanto que, para conseguir uma prova, tive que chamar a PM para fazer um Boletim de Ocorrência presencial, e quem me atendeu lá na hora disse que cancelaram meu seguro assim que eu bati o carro. O PM perguntou se ele tinha alguma coisa a mais para falar e ele respondeu que não iria expor a empresa”, lamenta o comerciante.

Processos

O caso de Valdecir não é isolado. A reportagem apurou que a Nacional Seguro Auto Clube é parte em mais de 100 processos no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), muitos deles por negativa de cobertura.

Um desses casos é de uma motorista que se acidentou em Vitória (ES) em fevereiro de 2016. No processo, ela conta que a Nacional rebocou o veículo, um Fiat Uno, mas negou fazer os reparos. Na sentença, a Justiça condenou a Nacional a pagar R$ 7.472,90. A cliente também pediu reparação por dano moral, mas a Justiça negou.

“Tem várias pessoas reclamando. E eles não resolvem, bloqueiam as pessoas, cancelam o seguro e não dão documento nenhum, explicação nenhuma”, diz Valdecir.

Empresa é alvo de vários processos na Justiça de Minas

Prejuízo

O comerciante afirma que o conserto da Strada ficou em R$ 50 mil e que não tem como arcar com o prejuízo, já que sempre pagou o seguro justamente para ter a garantia de cobertura. “Tenho um comércio e sempre preciso ir buscar alguma coisa. Por isso tenho uma caminhonete, para carregar coisas mais pesadas do dia a dia. A gente paga seguro para, numa hora dessas, ser atendido. Só que eles não querem arcar com nada. Fiz três orçamentos, de R$ 50 a 55 mil. Meu carro vale R$ 60 mil.”

Sem a cobertura, Valdecir está tendo que gastar com transporte. “Vou de Uber, de táxi, tenho que me virar para fazer as compras, porque não posso parar o meu comércio por causa de um carro, né?”, lamenta.

Moto

Além da Strada, Valdecir tem uma moto segurada na Nacional. Ele conta que, após a negativa de cobertura da picape, a empresa parou de enviar os boletos de pagamento referentes à moto.

“Tenho a moto segurada até hoje. Já pedi o boleto há uma semana e eles não mandam, não me atendem. Me bloquearam em vários terminais deles. Eu só pago via boleto. Eles mandam no WhatsApp e eu pago o boleto”, disse o comerciante, que desabafou:

“Na hora de arcar com o prejuízo, todo mundo sumiu, ninguém deu as caras, ninguém falou mais nada, me bloquearam e não mandam nada.”

O que diz a Nacional?

Em nota, a Nacional Auto Clube informou que segue os mais rigorosos padrões de qualidade de serviços e atendimento ao associado. “Sobre a reclamação especificamente, informamos que não foram cumpridas pelo associado as normas internas da associação para possibilitar o atendimento do pedido”, diz o texto.

A reportagem questionou quais normas não foram cumpridas e também sobre os vários processos semelhantes contra a empresa, mas a Nacional não respondeu.

Procurada pela reportagem, a Polícia Civil informou que para instauração de inquérito é preciso que as vítimas façam representação formal. “A PCMG orienta que todo cidadão lesado procure uma delegacia mais próxima de sua residência para a devida representação e, na ocasião, apresente provas e/ou documentos que possam subsidiar os trabalhos de polícia judiciária”, diz nota.

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Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.