Imagina você entrar na sala de espera do médico, se apresentar fazendo um tipo de check-in por reconhecimento e já ter seu nome inserido no sistema de fila do consultório. Ainda do lado de fora, você responde, em um tablet, um questionário de saúde que será, de imediato, enviado ao médico na porta ao lado. Ao ser chamada para entrar no consultório, você se senta e conta tudo que está sentindo — nos moldes tradicionais mesmo. O médico deixa a tela do computador de lado e olha atentamente para você. A conversa em que você conta sobre os seus sintomas é gravada, transcrita e elaborada por uma inteligência artificial (IA). Em poucos segundos, um programa emite anamnese, atestados, termos de comparecimento e receitas.
A realidade desse cenário não está muito distante de como podem ocorrer as consultas médicas nos próximos anos. A Unimed BH está investindo em inovação e tecnologia que prometem transformar a prática clínica e a experiência dos pacientes. Nesta quarta-feira (14), a empresa apresentou à imprensa instalações do Horizontes Hub, que fica no bairro Funcionários, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, chamadas ''Labs de Futuro’’.
Um delas é o ‘’Lab Consultório 2030’’, focado em mostrar, na prática, as tecnologias que nos aguardam. A Itatiaia esteve nesta ''máquina do tempo’’ que nos transporta para as salas de atendimento das unidades de saúde de ''logo mais’’.
De acordo com a Unimed, o objetivo é criar um check-in automatizado a partir de assistentes com inteligência artificial (IA) que podem apoiar os médicos durante as consultas. Uma das soluções inovadora destacada na experiência demonstrada é a “scriba’’ que, segundo Bruno Camis, CEO e Co-founder Dr Scriba, visa automatizar as burocracias desde a pré-consulta, passando pela consulta, até o pós-consulta, com o intuito de dar maior atenção ao paciente. "[Hoje], os médicos gastavam muito tempo com papeladas, dedicando apenas 51% do tempo à atenção direta ao paciente”, disse Bruno.
Para o paciente: onde ir?
Agora, imagine que você está com dor de cabeça, manchas pelo corpo e tosse. Devo ir ao médico ou é melhor fazer uma consulta on-line? A dúvida sobre qual caminho seguir é comum e, pensando nisso, a Unimed desenvolveu uma ferramenta chamada “Onde ir” no aplicativo do paciente.
Em fase piloto, segundo Ana Lúcia Máximo, responsável pelos projetos de IA na Unimed-BH, a novidade tem como objetivo auxiliar o paciente a decidir qual o melhor local ou forma de atendimento, como saber se deve ir a um Pronto Atendimento (PA), fazer uma consulta online ou uma pré-consulta. Na prática, um botão no app o levará para um chat no qual, após repassar as informações dos sintomas, ajudará a tomar as medidas necessárias.
Atualmente, a funcionalidade está liberada apenas para colaboradores e seus dependentes, totalizando cerca de 15 mil pessoas. A novidade deve chegar ainda este ano.
IA para os médicos
Um dos destaques no ‘’Laboratório Consultório 2030’’ é um copiloto de apoio para o médico que utiliza IA. Embora ainda em projeto interno da Unimed, a intenção é acoplá-lo ao sistema de consultório, usado pelos médicos cooperados. A ferramenta permitirá que o médico faça perguntas e obtenha respostas rápidas e embasadas, facilitando pesquisas em bases científicas ou fornecendo informações como dosagem de medicamento.
Diferentemente de um GPT, o sistema será construído sobre bases definidas pela Unimed, incluindo linhas de cuidado, protocolos de uso, bulas de medicamentos e bases de artigos científicos. Além disso, ele poderá enviar proativamente novidades relevantes na área do médico. A ferramenta está em desenvolvimento e tem previsão de ser disponibilizada aos médicos cooperados ainda este ano.
Experimentação
Imagine que, para fazer um breve check-up, tudo que você precisa é utilizar a câmera. Pode parecer algo muito futurista, mas já está em fase de experimentação. Desenvolvido por uma empresa israelense, o sistema utiliza fotopletismografia — tecnologia similar à do oxímetro de dedo — para realizar medições de pressão arterial, frequência cardíaca, taxa de respiração e de hemoglobina.
Conforme Ana Lúcia de Oliveira, a técnica utiliza luz para detectar alterações no volume sanguíneo no leito microvascular dos tecidos, como a pele. Trata-se de uma tecnologia similar às utilizadas por relógio inteligentes já encontrados no mercado. Apesar de já poder ser testada no laboratório, não se sabe ainda se será mesmo implementada e como isso ocorreria.
Investimento
A Unimed-BH e a Abertta Saúde, autogestão em saúde dedicada aos empregados da ArcelorMittal no Brasil e seus dependentes, anunciam, em coletiva de imprensa nesta quarta, a parceria para gerar R$ 60 milhões de investimentos em negócios inovadores na área da saúde.
A iniciativa será realizada nos próximos quatro anos e está aberta à adesão de outras empresas do setor, fundos de investimento e companhias de tecnologia interessadas em se tornar parceiras.
O recurso será direcionado a startups que atuam em diferentes frentes da saúde, como experiência do paciente, saúde mental e bem-estar, medicina preventiva, atenção primária, novos modelos de saúde corporativa, gestão de pacientes crônicos, automação de prontuários médicos, educação médica, inteligência artificial, internet das coisas e eficiência na gestão de operadoras, hospitais e consultórios.
“Ao longo dos anos, a Unimed-BH tem fortalecido a sua estratégia de investimentos e esta parceria com a Abertta Saúde é mais um avanço que reforça a nossa essência inovadora. Com o Horizontes Hub, passamos a diversificar ainda mais as nossas frentes de atuação, sempre com o objetivo de atingir resultados ainda melhores para a nossa Cooperativa, nossos cooperados, clientes e todo o setor de saúde. A proposta aqui é unir forças com atores estratégicos para que, juntos, possamos superar os desafios complexos do segmento de saúde brasileiro”, afirma o diretor-presidente da Unimed-BH, Frederico Peret.