A Polícia Civil de Minas Gerais revelou, nesta terça-feira (25), uma reviravolta no caso de uma jovem, de 21 anos, que morreu ao cair do 13° andar de um prédio na avenida Augusto de Lima, no Centro de Belo Horizonte, em agosto do ano passado. O caso foi tratado como autoextermínio na época, mas a investigação descobriu que a mulher foi, na verdade, vítima de feminicídio.
O principal suspeito, o motorista de aplicativo Joel Júnior Alves Gaspar, de 47 anos, foi preso e novembro e indiciado pelos crimes de feminicídio e tráfico de drogas. Ele alugava um dos quatros do apartamento onde morava para Poliana Volco Guimarães e teria jogado a vítima pela janela após uma discussão.
A delegada Iara França, responsável pelo caso, explica que todo caso classificado como “morte a esclarecer” e que haja essa primeira suspeita de suicídio, o Departamento de Homicídios investiga as circunstâncias da morte para verificar que realmente não há nenhum crime envolvido. Ao analisar o caso de Poliana, a Polícia Civil encontrou diversos elementos que descartavam a hipótese de autoextermínio.
A polícia acredita que Joel arremessou Poliana pela janela por ciúmes e que já vinha agredindo fisicamente a vítima há mais tempo.
Além das agressões, a delegada alega que o suspeito tolhia a vítima psicologicamente, a difamava moralmente e a diminuía, inclusive para os amigos. "É uma característica muito comum do feminicídio tentar desqualificar a vítima”, explica.
“Predador sexual": suspeito alugava quartos apenas para mulheres jovens
Joel é dono de um apartamento no Centro, onde alugava três quartos para mulheres do mesmo perfil: jovens, de até 21 anos, e estudantes. Segundo a delegada, o suspeito andava nu pela casa, praticava atos libidinosos com a porta do quarto aberta para que as mulheres vissem, assediava as inquilinas e não permitia que elas recebessem visitas, especialmente de homens.
De acordo com a polícia, o motorista de aplicativo também tinha um alto consumo de cocaína e passava o dia trancado no apartamento fazendo o uso da droga. Ele aproveitava as corridas para fazer entregas da droga por Belo Horizonte. O suspeito também tem denuncias por assediar as passageiras do aplicativo.
Suspeito nega crime e diz que vítima era “deprimida”
A delegada conta que, após a morte de Poliana, o suspeito passou a procurar a família e amigos da vítima para emplacar a ideia de que ela era uma pessoa depressiva e que sempre tentava se suicidar. Joel também coagiu testemunhas e tentou usar a mesma tática para convencer a polícia de sua inocência, mas o comportamento estranho chamou a atenção dos investigadores.
Apesar das provas apontarem que Joel matou a inquilina, ele nega o crime. “Em momento nenhum ele assume. Ele alega que ela teria se jogado, que ela era deprimida, usuária de drogas e queria terminar a vida dela. Toda essa história foi completamente desconstruída”, disse.
França afirma que, antes de ser morta, Poliana contou a uma amiga que estava limpa, lúcida e que não permitia que ele a dopasse mais. Joel fornecia drogas e colocava medicamentos psiquiátricos nas bebidas da jovem, como água, para controlá-la. Segundo a polícia, a mulher ficava “grogue” o dia inteiro.