Denúncias de violência contra a mulher aumentam 32,6% em Minas Gerais com mais de 8 mil e 400 ligações. Os dados são da Central de Atendimento à Mulher que apontam que até julho deste ano, o ligue 180 já recebeu, mais de 84 mil denúncias, o que representa um aumento de 33,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
Entre as denúncias, 5.085 foram apresentadas pela própria vítima. Um dado que chama a atenção das autoridades é o fato da casa da vítima ser o local onde a maioria das situações de violência são registradas.
Leia também:
A Coordenadora Estadual da Rede de Enfrentamento a Violência Contra a Mulher e Presidente da Comissão de Enfrentamento a Violência doméstica da OAB de Minas, Isabel Araújo, explicou que o aumento no número de denúncias mostra duas realidades: crescimento da violência e coragem das vítimas em expor o agressor.
“Os dois fatores observamos: o aumento do número de violências, inclusive, sua gravidade, mas também o aumento do número de denúncias. O que significa que as mulheres estão confiando no estado, no poder público, de que ela será tratada adequadamente”, disse.
Recorte racial
O perfil das vítimas aponta que as mulheres pretas ou pardas, com idades entre 40 e 45 anos, são a maioria. A violência, em grande parte, acontece dentro de casa e é cometida pelos esposos, companheiros ou ex-companheiros. A denúncia continua sendo o principal meio de combater e prevenir novos atos violentos.
A advogada lembra que a ligação é gratuita e o anonimato é garantido. “Todas as pessoas podem e devem fazer esta denúncia. A mulher vítima de violência, ela pode procurar tanto a polícia civil em qualquer unidade, mas, em especial, se houver uma delegacia especializada. Há ainda canais de denúncia virtuais pela delegacia virtual. Também é possível no ministério público”, disse.
O sentimento de medo pode ser um termômetro importante para identificar se a mulher está sofrendo violência doméstica. “Se você tem medo de falar alguma coisa, você tem medo de vestir certa roupa, você tem medo de se atrasar... O medo indica o contrário da relação saudável”, acrescentou.
Os homens são os principais e únicos suspeitos dos atos de violência, conforme aponta a Central de Atendimento. Conforme a lei, agressores podem ficar até três anos preso e as vítimas encaminhadas para programas e serviços de proteção e de assistência social.