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Moradores denunciam perigos de siderúrgica que opera sem alvará de funcionamento na Grande BH

Moradores pedem socorro em meio ao pó de carvão de uma siderúrgica que está poluindo um bairro inteiro e acabando com a saúde

Itatiaiuçu, na Grande BH

A atividade de uma Siderúrgica sem alvará de funcionamento e licença ambiental tem causado transtornos para moradores do bairro Robert Kennedy, em Itatiaiuçu, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Desde a semana passada, quando a Insibras Siderúrgica Brasil iniciou as atividades, um pó preto de carvão tomou conta das residências, comércios, carros e até dos bancos de uma praça da região. Moradores ouvidos pela Itatiaia também relatam fortes explosões. “Ontem à noite, eu escutei dois pipocos. Parecia uma explosão da fábrica de carvão”, disse um deles.

Uma mulher, que mora aos fundos da empresa, conta que o filho pequeno voltou a ter crises de asma com o início das atividades da siderúrgica. “É o tempo todo essa poeira. Tenho dois filhos e uma deles faz tratamento alérgico. Ele precisou voltar com a medicação”, acrescentou a contadora Laís Souza.

Até mesmo moradores de quarteirões um pouco mais afastados da empresa sentem os efeitos do pó de carvão em casa com limpeza cada vez mais frequente e impactos na saúde. “Estou sofrendo com essa poluição. Tem uma semana que estou com a voz ruim. Estamos gritando por socorro”, acrescentou a cozinheira Judite Pereira.

Segundo ela, as autoridades e a siderúrgica não respondem à população. “Mandamos várias mensagens e a resposta é a mesma: ‘vamos marcar uma reunião’”, disse.

Fiscalização

Após a denúncia de moradores, a Prefeitura de Itatiaiuçu fez uma fiscalização na última segunda-feira (19) e constatou a falta de alvará de funcionamento e licença ambiental.

A empresa ganhou o prazo de 10 dias para apresentar a documentação e outras informações, como detalhou Lucas Lima Andrade, secretário de Meio Ambiente do município. “Eles estão alegando que estão em fase de teste dos maquinários, que o empreendimento não está funcionando”, afirmou.

A notificação encaminhada pela administração municipal exige que a empresa encaminhe um estudo para constatar se as partículas que estão sendo emitidas estão nos parâmetros mínimos exigidos em legislação. “Através desse dado, a gente vai conseguir informar com mais clareza se a quantidade de partículas no ar são aceitáveis e se estão afetando a saúde humana”, disse.

Caso a documentação não seja apresentada, a prefeitura pode embargar o empreendimento e notificar o estado — podendo ser responsabilizados por meio de multa e até prisão.

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O que diz a empresa

A Insibras apresentou parte da documentação que está sendo analisada pela prefeitura. A reportagem esteve na sede da siderúrgica e encontrou caminhões sendo manobrados no local, movimentação de funcionários e uma fumaça preta saindo de pelo menos uma chaminé.

Um funcionário disse que os donos entrariam em contato com a reportagem. Como esse contato não foi feito, a Itatiaia procurou um dos proprietários no telefone particular dele. Até o fechamento, não houve retorno da empresa.


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Júlio Vieira é repórter da Itatiaia.
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.