As mortes de pelo menos 13 detentos em dois presídios de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, nos últimos meses, são motivo de investigação.
Na Penitenciária Dutra Ladeira, segundo informações da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), foram pelo menos seis mortes entre dezembro de 2023 e março de 2024.
Segundo fontes da segurança pública ouvidas pela Itatiaia, as mortes podem estar ligadas ao uso de drogas sintéticas — conhecidas como K4 ou K9. A substância costuma ser pulverizada em cigarros e em papéis fumados ou dissolvidos.
Já na Penitenciária José Martinho Drummond, também em Neves, a situação é ainda mais grave: foram pelo menos sete mortos em dez dias.
A Sejusp confirma as mortes e afirma que os presos não apresentavam lesões aparentes. Contudo, na semana passada, a reportagem da Itatiaia recebeu a denúncia de um preso que teria sido espancado até a morte devido à divisão de um doce em uma das celas. As outras seis podem ter sido causadas por overdose.
Lucas Oliveira Silva, de 25 anos, morreu na última quarta-feira (3) de causas ainda desconhecidas e familiares reclamam da falta de informações. “Não nos falaram o motivo. Falaram que ele foi encontrado morto no banheiro e que não encontraram sinais de violência. Mas, chegando no IML, tinha, sim, cortes próximo à cabeça. Cortes ‘feios’. Não deram nenhuma assistência”, lamentou Patricia Lima, tia de Lucas.
Para o advogado criminalista Greg Andrade, que é egresso do sistema prisional, as drogas da família K representam um perigo assustador para o sistema. "É o com muita preocupação que vejo essas drogas. São drogas com alto valor toxicológico, de dependência e de difícil detecção pelos equipamentos de segurança, já que o veículo para o transporte dela pode ser uma folha de papel. O estrago de dependência é assustador”, disse.
A Sejusp confirma as treze mortes e afirma que espera laudos da perícia e também a apuração pelo sistema prisional e pela Polícia Civil.
