Alunos do Coletivo Ágora Negra da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) denunciam nas redes sociais um caso de racismo que teria ocorrido durante trote no campus Frutal da universidade.
De acordo com o coletivo, participantes de uma sociedade esportiva da instituição teriam cometido o ato durante a recepção dos calouros, em que novas alunas negras teriam recebido placas contendo escritos como “Bombril” e “Asfalto”, no início da semana, na segunda-feira (11).
“Participantes da Sociedade Esportiva Pobrema S.e penduraram plaquinhas em bixetes, mulheres negras, com cunho racista. Palavras como Bombril e Asfalto foram utilizadas. É vexatório e inadmissível que esta nota esteja sendo redigida em 2024”, afirma a nota publicada pelo coletivo nas redes sociais. Confira denuncia na íntegra.
Outros grupos da Universidade também repudiaram o trote pelas redes sociais. Segundo nota do grupo Sociedade Esportiva Pobrema, “os responsáveis por tais atos já foram punidos e expulsos”. O grupo também pediu desculpas em nome dos estudantes de administração da universidade.
Racismo e injúria racial
A Lei n. 7.716, de 1989, também conhecida como Lei do Racismo, define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, citando a injúria como ofensa à dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional. O autor de crime de racismo pode ter punição de 1 a 5 anos de prisão. Trata-se de crime inafiançável e imprescritível.
Posicionamento da Universidade
Desde 2014, está em vigor, em todo o Estado de Minas Gerais, uma lei que proíbe a prática de trotes estudantis considerados “violentos” em todas as Universidades que integram o sistema estadual de educação. Segundo o dispositivo legal, considera-se “trote estudantil violento aquele que configure agressão física, psicológica, moral ou outra forma de constrangimento e coação contra alunos”.
Em nota, a Universidade declarou que a “Reitoria tomou conhecimento, por meio do Diretor da Unidade Acadêmica de Frutal, de atos praticados no último dia 11 de março, durante a recepção aos novos estudantes. Com base no Regimento Interno da UEMG, a Direção instaurou, por meio do Ato 1250/2024, uma Comissão Investigatória para apurar as denúncias”.
A Reitoria e a Direção da Unidade de Frutal declararam também que repudiam veementemente quaisquer atos racistas e que os consideram inadmissíveis e incompatíveis com os princípios de respeito à diversidade, à igualdade e à dignidade humana que norteiam a missão da Universidade.