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Qual a diferença entre tremor de terra e terremoto? Veja explicação de especialista

Região Metropolitana registrou tremor de terra de magnitude 2.0 durante a madrugada da última terça-feira (16)

Qual a diferença entre um tremor de terra e um terremoto? especialista comenta abalo na Região Metropolitana

Dois tremores de terra, de magnitude 2,5 e 2,9, registrados entre a noite de terça-feira (16) e a madrugada desta quarta (17), assustaram moradores da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os abalos tiveram epicentro em Contagem, mas também foram sentidos em Esmeraldas, Ribeirão das Neves, Betim e na capital mineira. A informação foi confirmada pelo Centro de Sismologia da USP.

O primeiro tremor ocorreu às 22h12 de terça-feira e o segundo, mais forte, às 2h25 da madrugada. Nenhum deles causou danos, segundo a Defesa Civil.

Tremor ou terremoto?

A diferença entre um tremor de terra e um terremoto está na intensidade do abalo. Quem explica é o geólogo Diogo Amorim, professor do curso de Engenharia de Minas do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH).

A “sugestão indicativa” reforça que a classificação entre tremor de terra e terremoto não é uma regra oficial rígida, mas, sim, uma forma prática e didática usada por especialistas para diferenciar os fenômenos.

Escala Richter

A Escala Richter, criada em 1935 pelo sismólogo Charles Richter, mede a magnitude dos abalos a partir da energia liberada e registrada por sismógrafos. Cada ponto a mais na escala representa um aumento de dez vezes na amplitude das ondas sísmicas e um acréscimo expressivo na energia liberada.

De acordo com essa classificação, tremores de até 2,0 são considerados “micro” e, na maioria das vezes, nem chegam a ser percebidos pela população. Já os de magnitude 9,0 ou mais entram na categoria “excepcional”, capazes de provocar destruição em larga escala.

Minas em primeiro lugar no Brasil

Minas Gerais lidera o número de tremores de terra registrados no Brasil em 2025. Foram 18 ocorrências até agora, o equivalente à metade de todos os casos no país, segundo o Centro de Sismologia da USP, divulgados na manhã dessa quarta-feira (17).

Nos últimos dias, também foram detectados outros dois tremores em Sete Lagoas, na Região Central, nos dias 11 e 12 de setembro.

Segundo o geólogo Diogo Amorim, ainda não existe um consenso que determine a frequência desses eventos aqui em Minas Gerais, principalmente na Região Metropolitana de BH.

“O que a gente pode determinar é que a maioria desses eventos estão associados ao aumento da pressão geodinâmica associada aos movimentos das placas telefônicas na litosfera”, explicou o professor.

Ele ainda tranquiliza, afirmando que os tremores ocorridos em Minas Gerais variam entre 0 e 3 na Escala Richter, portanto, abalos que não causam destruição.

“Ainda não podemos determinar uma compatibilidade dessas ocorrências nessas regiões. Sabemos que são regiões que têm repetidos registros de tremores, é possível que seja algo associado a alguma falha sobre essas regiões ou próximas a elas, nada muito preocupante”, avalia Diogo Amorim.

Há risco de tremores mais fortes em Minas Gerais?

Questionado sobre a possibilidade de tremores de magnitude acima de 3.0 na Escala Richter, Diogo Amorim tranquilizou, explicando que a falta do encontro de placas tectônicas, da propagação das ondas desses encontros e de falhas faz com que a intensidade dos tremores fique muito abaixo de áreas de maior incidência, como o Chile e o sudeste asiático.

“Nessas regiões não há a ocorrência de registros acima de três, justamente porque para pular do nível 2.0 para o nível 3.0 na Escala Richter, é preciso um avanço de dez vezes nesse abalo para apresentar algum risco de maior potencial. Então, até o número 4.0 na Escala Richter, são tremores de menor impacto”, afirmou o especialista.

Por fim, Diogo Amorim apontou que não há tremores de grande magnitude, que causaram vítimas, na história recente de Minas Gerais.

‘A casa inteira tremeu’

Em Contagem, moradores relataram momentos de susto. A dona de casa Sueli Barbosa, que vive no bairro Ressaca, contou que acordou com o impacto.

“Ouvi um estrondo e acordei de madrugada com a casa tremendo. Nunca tinha sentido isso antes e fiquei muito assustada. A princípio, pensei que fosse a passagem de um veículo pesado, mas percebi que não era. Pensei: ‘Nossa, foi tremor de terra’.”

A vizinha Ana Maria também se assustou. “Tremeu, sim. Foi um tremor muito forte, um barulho muito forte. A casa inteira tremeu. O primeiro impacto foi por volta das 22h. Depois falaram que teve outro às 2h da manhã, mas esse eu não senti. Só consegui me assustar na hora, nem pensei em mais nada.”

O que diz a Defesa Civil

A Defesa Civil de Belo Horizonte informou que não houve acionamentos relacionados a risco ou danos estruturais. Em Contagem, no entanto, o órgão recebeu notificações de moradores e segue monitorando a situação.

Em Ribeirão das Neves e Esmeraldas, os órgãos municipais também confirmaram que não houve ocorrências graves. A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) recebeu ligações de moradores relatando os abalos.

A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) confirmou ter recebido notificações.

(Sob supervisão de Alex Araújo)

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Estudante de jornalismo pela PUC Minas. Trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre Cidades, Brasil e Mundo.
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.