Dois
Os abalos sísmicos se juntaram a outros que têm acontecido em Minas Gerais nas últimas semanas.
A Itatiaia ouviu Diogo Amorim, geólogo e professor do curso de Engenharia de Minas do Centro Universitário UniBH, para entender alguns pontos em relação aos tremores que têm sido registrados no estado. Segundo ele, ainda não existe um consenso que determine a frequência desses eventos aqui em Minas Gerais, principalmente na Região Metropolitana de BH.
“O que a gente pode determinar é que a maioria desses eventos estão associados ao aumento da pressão geodinâmica associada aos movimentos das placas telefônicas na litosfera”, explicou Amorim.
Porém, não é a primeira vez que Contagem registra tremores. Segundo o geólogo, tratam-se de fenômenos comuns na RMBH e Central do estado.
“Por mais que a gente não tenha uma percepção mais acirrada do processo, esses tremores são muito comuns nas regiões de Contagem e principalmente de Sete Lagoas, onde tem se observado com maior frequência a ocorrência desses tremores”, apontou.
Segundo Amorim, ainda não é possível determinar pontos em comum nas regiões que causem os tremores. Ele ainda tranquiliza, afirmando que os tremores ocorridos em Minas Gerais variam entre 0 e 3 na Escala Richter, portanto, abalos que não causam destruição.
“Ainda não podemos determinar uma compatibilidade dessas ocorrências nessas regiões. Sabemos que são regiões que têm repetidos registros de tremores, é possível que seja algo associado a alguma falha sobre essas regiões ou próximas a elas, nada muito preocupante. Quando a gente analisa, a gente vê que os tremores são na escala de 0 até 3.0, no máximo até 3 na escala Richter”, avalia Diogo Amorim.
Há risco de tremores mais fortes em Minas Gerais?
Questionado sobre a possibilidade de tremores de magnitude acima de 3.0 na Escala Richter, Diogo Amorim tranquilizou, explicando que a falta do encontro de placas tectônicas, da propagação das ondas desses encontros e de falhas faz com que a intensidade dos tremores fique muito abaixo de áreas de maior incidência, como o Chile e o sudeste asiático.
“Nessas regiões não há a ocorrência de registros acima de três, justamente porque para pular do nível 2.0 para o nível 3.0 na Escala Richter, é preciso um avanço de dez vezes nesse abalo para apresentar algum risco de maior potencial. Então, até o número 4.0 na Escala Richter, são tremores de menor impacto”, afirmou o especialista.
“Esses abalos, até 3.0, não oferecem nenhum tipo de risco para as estruturas. A não ser que a estrutura seja muito frágil, não ter nenhum tipo de recalque ou patologia associada às construções. O que a gente tem que observar é que se eles passarem do nível 4.0, aí sim eles já podem apresentar algum tipo de risco às construções e às vidas”, completou ele.
Minas seguirá registrando tremores?
“Esses tremores estão associados à percepção sísmica desses impactos, mas também por ocorrência de algumas microfalhas. Se pegarmos o contexto de evolução geológica da Terra, essas microfalhas são muito comuns, existem e continuam existindo, continuam aumentando.
Temos que imaginar que a dinâmica terrestre, assim como a separação dessas placas, o acréscimo de pequenos tremores, o acréscimo de algumas montanhas como os Himalaias, como a Cordilheira dos Andes, essa dinâmica terrestre, como o vulcanismo, ela está em constante atuação e movimentação. As placas e as falhas não estão paradas ali de uma forma estável, estagnada. O que a gente pode imaginar é que pode ocorrer agora, como pode ocorrer daqui 100, 200, 100 mil anos. Não é algo previsível quando a gente trabalha com o processo de movimentação da dinâmica terrestre”, explicou o professor.
Por fim, Diogo Amorim apontou que não há tremores de grande magnitude, que causaram vítimas, na história recente de Minas Gerais.
“Na história recente a gente não tem nenhuma ocorrência. Lógico que a gente tem que imaginar e pensar na história recente. Se a gente imaginar algo em torno de 100, cento e poucos anos no estado, não tivemos nenhum tipo de ocorrência, até mesmo pela magnitude desses registros. São registros de menor potencial, que o dano é muito baixo quando imaginado em comparação com outros países como o Chile, Japão, como o Sudeste Asiático”, finalizou o geólogo.
Escala Richter
A Escala Richter, criada em 1935 por Charles Richter, mede a magnitude dos terremotos a partir da energia liberada e registrada por sismógrafos. Cada ponto a mais na escala representa um aumento de dez vezes na amplitude das ondas e um acréscimo significativo na energia do abalo.
Tremores de até 2.0 são classificados como “micro” e geralmente não são sentidos pela população, enquanto os de magnitude 9.0 ou mais recebem a classificação “excepcional”, capazes de provocar destruição em grande escala.