Uma testemunha que estava no local da confusão que terminou com a morte dos Rafael Francisco Vieira da Silva, de 27 anos e Branio José Vieira da Silva, de 29 anos, disse à Itatiaia que o soldado atirou no peito de Rafael, quando a vítima já estava rendida por outro militar, no chão. Ainda conforme a testemunha, Branio foi morto pelas costas.
A ocorrência foi registrada na noite de domingo (10), na comunidade de São José, na Grande BH. Os assassinatos ocorreram após uma briga durante a festa de São José, padroeiro da cidade. O velório dos corpos será realizado das 7h às 11h, no salão São Vicente, na Praça de São José.
“O policial atirou no Branio pelas costas. O Rafael, detido no chão, o policial chegou e atirou no peito dele, na covardia. O policial estava em cima dele no chão e o outro policial chegou e atirou no peito dele, com ele rendido”, disse a testemunha.
O morador relata ainda não ter visto nenhum dos irmãos tentando cortar o pescoço de um miliar com um canivete, versão que está no Boletim de Ocorrência (BO). “É mentira. Não teve nada disso. Foi na covardia mesmo que o policial atirou nos meninos”, disse. “Os policiais falaram que teve uma briga no bar, mas é mentira. O bar estava fechado. Estava todo mundo na igreja. Só que alguém arrumou uma confusão e não sei o que aconteceu. Só sei que o policial atirou nos meninos na covardia”, disse.
Legítima defesa
Em coletiva de imprensa nessa segunda-feira (11), o
O pai de uma suposta vítima estaria partindo para cima de um suspeito pelo crime. Durante a intervenção da PM, um dos irmãos teria desferido um golpe de canivete no pescoço do policial, durante uma briga com um terceiro envolvido na situação.
Segundo a PM, o golpe só não foi fatal porque a lâmina estava com a “mola cega”. Em resposta, o soldado da guarnição efetuou um disparo contra o irmão.
“Se não fosse uma ação rápida do nosso soldado, em defesa do sargento que estava tentando imobilizar um dos infratores, nós, provavelmente, estaríamos chorando a morte do nosso militar, que foi duramente golpeado na altura do pescoço”, disse.
Imagem mostra sargento ferido no pescoço e no braço
Comunidade revoltada
A morte dos irmãos causa indignação e revolta na comunidade. Nessa segunda-feira (11), um protesto contra a ação policial que terminou em tragédia
Trabalhadores
Os irmãos eram trabalhadores, pais de dois filhos pequenos e bastante queridos na região. Quem garante é um tio dos jovens. Em entrevista à Itatiaia, na manhã dessa segunda-feira (11), ele
“Isso é muito triste, porque (choro).... não consigo falar. É triste, porque o menino que a gente ajudou a criar. Menino que não é brigador, não tem fama nenhuma de briga, e o policial pegar e fazer uma coisa dessa? Tinha que ter atirado na perna, mas atirou logo no meio, para matar. E ainda atirou no meio do povo”, disse o homem com a voz embargada.
De acordo com o parente, Rafael era vaqueiro e Branio tinha um sítio na região, onde trabalhava. “Eram trabalhadores. Um deles mexia com vaca, tirando leite. Era retireiro, que é quem trabalha em curral, em fazenda. O mais velho tinha o sítio dele em Campo Alegre”, diz o tio, lembrando que os sobrinhos eram queridos na região.
Nota
A PMMG informou, por meio de nota, que presenciou o tumulto e um dos militares foi ferido. “Houve a necessidade de uso de técnicas de imobilização e de força, momento no qual outros transeuntes ali presentes investiram com violência contra os militares, levando-os ao solo, tentando retirar a arma da cintura de um dos militares”, disse. Confira a nota completa:
A Polícia Militar de Mina Gerais (PMMG), por meio da 2ª Região de Polícia Militar (2ª RPM), informa que durante policiamento em evento de cavalgada no povoado de São José, cidade de Esmeraldas, na noite desse domingo (10), precisou intervir em um princípio de tumulto envolvendo participantes do evento, sendo um dos militares atingido com um golpe de faca na região do pescoço por um indivíduo.
Diante a agressão, houve a necessidade de uso de técnicas de imobilização e de força, momento no qual outros transeuntes ali presentes investiram com violência contra os militares, levando-os ao solo, tentando retirar a arma da cintura de um dos militares.
Em virtude das agressões e dos riscos decorrentes da possível subtração da arma de fogo e para resguardar a vida dos policiais militares e demais cidadãos ali presentes, para repelir a injusta agressão foi necessário o uso de força progressiva. Dois autores foram alvejados e, imediatamente, socorridos ao hospital de Esmeraldas, onde foram a óbito.
A PMMG informa, ainda, que todas as medidas de Polícia Judiciária Militar foram adotadas e que a instituição acompanha o caso.
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