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Delegada diz que homens envolvidos na morte de sargento em BH ‘não demonstraram arrependimento’

Ambos foram indiciados por homicídio quadruplamente qualificado e tentativa de homicídio, além de outros crimes; os dois tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva

À esquerda, Welbert de Souza Fagundes, de 26 anos, suspeito de atirar no sargento Dias (à direita)

A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou os dois homens envolvidos na morte do sargento da Polícia Militar Roger Dias da Cunha. O policial foi baleado na cabeça e teve a morte cerebral confirmada no dia 7 de janeiro. O sargento era casado, tinha uma filha recém-nascida e havia completado 10 anos de carreira na PMMG.

O suspeito que disparou contra o sargento, Welbert de Souza Fagundes, de 26 anos, foi indiciado por homicídio quadruplamente qualificado, por tentativa de homicídio triplamente qualificada - em relação ao outro policial militar que compunha a guarnição do sargento Dias -, e também pelos crimes de desobediência, de resistência e pelo porte ilegal de arma de fogo.

O outro suspeito de participar do crime, Geovanni Faria de Carvalho, de 34 anos, foi indiciado por duas tentativas de homicídio. Uma contra os policiais militares e outra contra um motoboy - que ele acabou atingindo ao tentar fugir da polícia. Ele também foi indiciado por outros crimes, como desobediência, resistência e tráfico de drogas.

Segundo a delegada da PC, Ariadne Heloise Coelho, da 3º Delegacia Especializada de Homicídios de Venda Nova, eles não mostraram arrependimento pela morte do sargento.

A delegada ainda revelou que Welbert admitiu a autoria do crime. “Ele confessa o tempo todo, em todas as entrevistas, em todas as oitivas realizadas. Ele confirma que teria atirado porque ele não queria ser preso, ele não queria voltar para o sistema prisional”, contou.

Suspeito estava foragido da ‘saidinha’

Welbert tem 18 boletins de ocorrência registrados contra ele, por crimes como roubo, ameaça e tráfico de drogas. O Ministério Público foi contra a saída dele do sistema prisional, mas o benefício foi concedido pela juíza da Vara de Execuções Penais de Ribeirão das Neves, Bárbara Isadora Santos Sebe Nardy.

A juíza justificou sua decisão com base no atestado de conduta carcerária e disse que Welbert não havia cometido nenhuma falta grave, embora o Ministério Público tivesse apontado o episódio do furto de veículo. O MPMG recorreu da decisão junto ao Tribunal de Justiça e não recebeu nenhum retorno.

A Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) emitiu, neste domingo (7), comunicado em que disse ser “lamentável” vincular o ataque a tiros ao policial militar Roger Dias da Cunha à decisão que concedeu o benefício da saída temporária ao suspeito do crime. Segundo a entidade, o caso reflete problemas como a desigualdade social e a existência de uma sociedade “cada vez mais violenta”. Leia a nota na íntegra.

Prisão mantida

Em 7 de janeiro, Welbert de Souza Fagundes e outro suspeito de participação no crime, Geovanni Faria de Carvalho, de 34, tiveram a prisão em flagrante convertida para preventiva, após a realização de audiência de custódia no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte.

Os suspeitos estavam internados no Hospital Risoleta Neves. Welbert já teve alta e está em uma unidade prisional. Geovanni segue internado.

Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.