Uma livraria de Belo Horizonte decidiu fazer uma brincadeira com a confusão de um advogado entre os livros “O Pequeno Príncipe”, do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, e o livro “O Príncipe”, do filósofo Nicolau Maquiavel. Aproveitando a repercussão da
“Este não é o chapéu usado pelo príncipe de Maquiavel”, escreve a livraria em um quadro negro, onde está desenhando o “chapéu” do livro Pequeno Príncipe. A imagem é famosa por ilustrar um pensamento filosófico, já que no livro francês o príncipe afirma “isto não é um chapéu”, já que seria, na verdade, uma jiboia comendo um elefante.
“Eu aproveitei essa repercussão do caso do advogado que em defesa de seu cliente no STF confundiu ‘O Pequeno Príncipe’ com ‘O Príncipe’, de Maquiavel. Para quem leu o ‘Pequeno Príncipe’sabe que ali não é um chapéu, é uma jiboia engolindo um elefante. Como houve uma confusão dos dois livros, eu brinco um pouco com isso, aproveitando essa repercussão na internet e como forma, também, de chamar atenção para os Livros”, explica Frederico Alves Pinho, dono da livraria Jenipapo, localizada na Savassi, região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Entenda confusão
Nessa quinta-feira (14), a fala de um advogado que defendia um dos réus no julgamento dos ataques do 8 de janeiro repercutiu nas redes sociais. Durante a fala,
“Esse julgamento está sendo jurídico ou político, a fim de incriminar mais alguém? A fim de um objetivo o qual não conseguimos entender? Porque parece que estão sendo usados, como diz ‘O Pequeno Príncipe’: ‘os fins justificam os meios’, e podemos passar por cima de todos. Maquiavel: ‘os fins justificam os meios’”.
Hery foi duramente criticado por Morais, que classificou sua fala como “patética” e disse que a situação era triste porque “ainda confundiu ‘O Príncipe’, de Maquiavel, com ‘O Pequeno Príncipe’, de Antoine Saint-Exupéry, que são obras que não tem absolutamente nada a ver. Mas, obviamente, quem não leu nem uma, nem outra, vai no Google e às vezes dá algum problema”.
Conheça os livros
Publicado em abril de 1943, “O Pequeno Príncipe” é um livro do escritor e aviador francês Antoine de Saint-Exupéry. Apesar de ser um livro infantil e ser ilustrado, a obra traz diversas reflexões filosóficas e também é indicada a adultos.
Uma das frases mais aclamadas do livro é “isto não é um chapéu”. Na história, o protagonista, Antoine, mostra um desenho parecido com um chapéu às pessoas e pergunta se elas sentem medo. Todos respondem “por que é que um chapéu faria medo”? Mas o menino explica que aquilo não é um chapéu, e sim uma jiboia engolindo um elefante.
“Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jiboia digerindo um elefante. Desenhei então o interior da jiboia, a fim de que as pessoas grandes pudessem compreender. ELAS TÊM SEMPRE NECESSIDADES DE EXPLICAÇÕES DETALHADAS”.
Já o livro “O Príncipe”, foi publicado em 1515, ou seja, mais de 400 anos antes do livro de Antoine de Saint-Exupéry. Escrito pelo filósofo florentino Nicolau Maquiavel, esta é uma das obras mais citadas quando se trata de política e governança, já que o filoso é considerado o fundador do pensamento e da ciência política moderna.
“O Príncipe” é um livro que trata sobre poder e política, no qual Maquiavel dá dicas de como governar uma população. Na obra, ele argumenta que não importa qual decisão ou caminho foi tomado pelo político, desde que o resultado seja positivo.
A frase “os fins justificam os meios”, entretanto, é erroneamente atribuída a Maquiavel, já que ele nunca a escreveu em sua obra. Segundo especialistas, a fala foi associada ao filósofo pela Igreja Católica, a fim de hostilizá-lo por suas ideias controversas.