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Mãe de atleticano morto por cruzeirenses em BH desabafa: ‘futebol não é violência’

Mulher diz que deixou de torcer para o Cruzeiro após o filho ser morto em um ataque ao ônibus da linha 6350, em 2021; dupla foi condenada a mais de 55 anos de prisão

Mãe de jovem morto por cruzeirenses desabafa após condenação

A mãe do atleticano Matheus de Freitas Ferreira, morto por membros da torcida organizada Máfia Azul durante um ataque a ônibus em novembro de 2021 em Belo Horizonte, desabafou após a condenação dos dois acusados, na noite desta quinta-feira (11).

Em entrevista exclusiva ao repórter Renato Rios Neto, da Itatiaia, Jorminda Arminda de Freitas Ferreira afirmou que sente muita tristeza pela morte do filho e fez questão de enfatizar que Matheus era um jovem trabalhador.

“Difícil, muito difícil. Até então eu não dava conta nem de ver a foto dele, agora eu já consigo ver e mostrar que meu filho não era bandido não, era trabalhador. No outro dia ele estaria trabalhando, mas vieram uns marginais e tiraram a vida dele.”

Muito emocionada, Jorminda afirmou que a justiça começou a ser feita nesta noite, após os dois acusados serem condenados a mais de 55 anos de prisão pelo homicídio do jovem. Ela espera que a dupla cumpra a pena de forma correta e confessa que deixou de torcer pelo Cruzeiro após o filho ser assassinado por torcedores do time.

“Futebol não é violência. Eu não ligo para futebol não. Antes eu até torcia para o Cruzeiro, agora não torço mais. Espero que eles cumpram a pena na cadeia, fechada. É um vazio o Dia das Mães, não ter ele aqui.”

Condenação

Dois membros da torcida organizada Máfia Azul foram condenados pelo assassinato de Matheus de Freitas Ferreira, de 20 anos. A vítima era torcedora do Atlético e estava em um ônibus da linha 6350 que foi atacado por membros da Máfia Azul na noite de 28 de novembro de 2021. O jovem tentou fugir, mas foi morto pelos cruzeirenses. Outros nove passageiros do coletivo ficaram feridos.

A pena de cada um dos acusados foi:

  • Gustavo Luiz da Silva: condenado a 61 anos e 8 meses de reclusão em regime fechado por homicídio consumado triplamente qualificado e mais oito homicídios tentados, sendo 19 anos por homicídio consumado e 5 anos e 4 meses para cada 8 tentativas de homicídio.

  • Já Walker Marcelino Gouveia: condenado a 56 anos e 4 meses de reclusão por um homicídio consumado triplamente qualificado e sete homicídios tentados, sendo 19 anos por um homicídio consumado triplamente e 5 anos e 4 meses por cada um das sete tentativas de homicídio.

Os dois condenados vão aguardar em liberdade enquanto recorrem da decisão tomada pela Justiça de Minas Gerais. Os acusados serão monitorados por meio de tornozeleira eletrônica.

Por conta da morte de Matheus, a presença da torcida organizada Máfia Azul em todos os estádios do país foi proibida durante seis meses. O banimento vigorou até maio de 2022.

Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.