Muitos questionamentos ainda cercam o caso de Bárbara Victória de 10 anos, que foi estuprada e morta por Paulo Sérgio de Oliveira, de 50 anos. A advogada que representa a família, Aline Fernandes, enviou à imprensa, na manhã desta quinta-feira (11), uma nota expondo as principais perguntas sobre as investigações e possíveis negligências por parte das autoridades.
‘Por que não foi decretada a prisão preventiva do suspeito?’ A defesa investigou entre as mortes de Bárbara Victória e Bianca dos Santos, em 2012. Segundo ela, tal fato não era novidade para o departamento da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG).
Em 1º de agosto, a corporação coletou depoimento do suspeito. Ele foi liberado após a oitiva por, de acordo com a corporação, ''falta de provas que sustentassem a prisão dele’’. No dia seguinte, Paulo Sérgio aceitou passar por exame de DNA com a Polícia Civil. No início da tarde de quarta-feira (3), ele foi encontrado morto na casa de uma tia em um bairro da região Nordeste de Belo Horizonte.
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“A família e a sociedade têm o direito de ter a resposta: ‘por que a Polícia Civil liberou o único suspeito, mesmo depois de ouvi-lo, apesar de tantos indícios?’ É importante esclarecer que constou em boletim de ocorrência, realizado pela Polícia Militar no dia 1º de agosto, a existência da sacola de pão na casa do suspeito, assim como relatado pela genitora de Bárbara”, aponta.
A advogada ainda aponta que o suspeito foi a última pessoa a ser vista em vídeo com a menor. “Esse fato por si só seria o suficiente para ensejar a decretação da prisão preventiva ou temporária do sujeito, o que infelizmente não ocorreu”, acrescentou.
A defesa, por meio de uma investigação autônoma, encontrou semelhanças entre o assassinato de Bárbara e de Bianca dos Santos Faria - uma criança de 11 anos assassinada em 2012.
Conforme a Itatiaia mostrou nesta manhã, na época, Bianca desapareceu após ir à padaria, exatamente como no caso Bárbara. Bianca ficou desaparecida por três dias até ser encontrada em um matagal com as roupas sujas de sangue. Ela foi estuprada e estrangulada com um cadarço de sapato. Paulo Sérgio morava no Palmital e chegou a ser ouvido como suspeito, mas foi liberado por falta de provas.
“O que causa espanto é perceber que ao notificar a Polícia Civil das informações averiguadas, soube que tal fato não era novidade para o departamento”, disse a nota.
O que disse a polícia
Nessa quarta-feira (10), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirmou que Bárbara foi estuprada e morta por Paulo Sérgio. O órgão esclareceu o andamento das investigações em entrevista coletiva nesta quarta-feira (10).
O delegado Werneck foi questionado sobre os motivos de o homem não ter sido preso de forma preventiva. “Não se sabia qual crime foi praticado ou se um crime tinha acontecido. Existem duas modalidades de prisão: mandado de prisão ou flagrante em delito, e ele não se enquadrou em nenhuma dessas”, explicou.
O resultado do DNA foi concluído nessa terça e parte do material coincidiu com o perfil fornecido por Paulo. O delegado informou ainda que, a princípio, a sacola de pão encontrada na casa de Paulo não pertencia à Bárbara.
Família denuncia desrespeito
A nota dos representantes da família ainda aponta que os genitores de Bárbara foram ouvidos pela polícia na condição de testemunhas, entretanto, foram inquiridos como suspeitos.
“O delegado Fábio Werneck, em desrespeito ao luto da família, questionou o fato de os genitores haverem remarcado o depoimento que seria no dia seguinte ao sepultamento da filha”, disse.
Os policiais ainda teriam questionado sobre a repercussão midiática em torno da família, - situação que nenhum deles possui qualquer controle.
"É desumano reprimir pais vitimados pelo crime da filha por não se manifestarem oficialmente em sede policial um dia após o enterro da filha que foi alvo da crueldade humana.”, continua a nota.
O delegado, segunda a advogada, ainda teria indagado a renda do genitor, “insinuando que ele não teria capacidade econômica para estar sendo assistido por uma advogada desde o momento do desaparecimento de sua filha, como se a pobreza fosse exceção ao princípio constitucional do acesso à justiça e à ampla defesa, o que é inadmissível.”
A reportagem da Itatiaia encaminhou á Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) os questionamentos e aguarda posicionamento.
O que aconteceu com Bárbara Victória?
Domingo, 31 de julho
17:30 | Família denuncia o
21:30 | Investigação da Polícia Civil confirmou que Paulo Sérgio de Oliveira, 50, abandonou o corpo de Bárbara em um campo de futebol no bairro Pedra Branca, em Justinópolis, também em Ribeirão das Neves;
Segunda-feira, 1º de agosto:
Começam a circular
imagens de câmeras de segurança que mostram Bárbara andando ao lado de Paulo Sérgio; a gravação foi feita no dia do desaparecimento da criança;Na data, a Polícia Civil coleta depoimento do suspeito; ele é liberado após a oitiva por falta de provas que sustentassem a prisão dele;
Terça-feira, 2 de agosto:
Manhã |
Perícia indica que a
criança foi assassinada por asfixia ; discute-se a hipótese de abuso sexual;Paulo Sérgio, principal suspeito do crime,
aceita passar por exame de DNA com a Polícia Civil; exame é feito;
Quarta-feira, 3 de agosto:
Início da tarde |
O corpo do homem foi encontrado com uma corda no pescoço. Ele estava hospedado na casa da tia desde as primeiras suspeitas de que ele teria matado a menina.
Quinta-feira, 4 de agosto:
Quarta-feira, 10 de agosto:
Primeiras conclusões da investigação:
Perícia confirma ter encontrado
material genético do suspeito no corpo da menina Bárbara Victória;Paulo Sérgio é confirmado como autor do crime;
Delegado confirma que Bárbara foi estuprada e morta por asfixia.
(Com informações de Lucas Sanches)