Médico com registro em Minas que alegou que mamografia causa câncer é condenado

AGU diz que decisão protege mulheres da desinformação sobre exame essencial no combate ao câncer de mama

Médico que divulga fake news sobre câncer de mama tem registro no CRM em Minas

A Justiça Federal de Minas Gerais condenou o médico Lucas Ferreira Mattos, com mais de 1,5 milhão de seguidores, por divulgar informações falsas dizendo que a mamografia aumentaria o risco de câncer de mama. A decisão atende a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU). O médico terá 24 horas para apagar das redes sociais, Instagram e YouTube, os vídeos em que falava dos supostos “riscos” do exame.

Só no Instagram, a publicação já tinha mais de 62 mil visualizações. Segundo o juiz, as afirmações do médico não têm base científica e podem colocar em risco mulheres que deixarem de fazer o exame devido à desinformação. Ele também está proibido de publicar novos conteúdos com informações falsas sobre mamografia.

O registro de Mattos, de número 79768-MG, está ativo desde 7 de junho de 2019. Ele também possui registro de atuação no estado de São Paulo, que é sua inscrição secundária e está ativo desde maio de 2023. O médico não tem especialidade registrada em nenhum dos órgãos.

Em um de seus vídeos, Lucas respondeu a uma pergunta sobre uma pessoa que disse ter dois cistos nos seios e que fazia acompanhamento, mas queria saber “o que poderia fazer para acabar [com os cistos]”.

“Ficar fazendo mamografia? Uma mamografia gera uma radiação para a mama equivalente a 200 raios-X. Isso aumenta a incidência de câncer de mama, por excesso de mamografia. Tenho 100% de certeza que o seu nódulo benigno é deficiência de iodo”, disse ele com base apenas na informação citada pela seguidora.

Em suas redes sociais, Lucas Silva Ferreira Mattos oferecia cursos ‘ensinando’ a combater doenças como hipotireoidismo apenas com dietas e afirma, sem qualquer evidência científica, que os pacientes adoecem porque remédios são feitos com derivados de petróleo.

Ação do governo para evitar desinformação

A ação contra o médico foi movida pela AGU em parceria com o Ministério da Saúde e a Secretaria de Comunicação da Presidência. O processo faz parte do projeto “Saúde com Ciência”, que combate notícias falsas relacionadas à saúde. A procuradora-geral da União, Clarice Calixto, disse que a decisão é importante para proteger a vida das mulheres. “A informação correta pode fazer a diferença entre a vida e a morte”, afirmou.

Mamografia agora inclui mais mulheres no SUS

Desde setembro, o Ministério da Saúde ampliou o acesso ao exame de mamografia no SUS. Agora, mulheres entre 40 e 49 anos podem fazer o exame mesmo sem sintomas. Essa faixa etária representa 23% dos casos de câncer de mama, e o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura.

A recomendação é que o exame seja solicitado em conjunto com um profissional de saúde, que deve orientar sobre benefícios e riscos.

No SUS, as mamografias em mulheres com menos de 50 anos já representam 30% do total, mais de 1 milhão só em 2024. Para saber mais sobre sintomas, prevenção e tratamento do câncer de mama, o Ministério da Saúde mantém informações atualizadas em seu site oficial.

Leia também

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.

Ouvindo...