O Forúm Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgou, nesta quarta-feira (19), um estudo que lista as 20 cidades mais violentas da
A Amazônia Legal é formada por nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Os municípios foram divididos
- Pequeno 1: até 20 mil habitantes.
- Pequeno 2: de 20 mil a 50 mil habitantes.
- Médio: de 50 mil a 100 mil habitantes.
- Grande: acima de 100 mil habitantes.
O FBSP considerou as taxas de mortes violentas intencionais registradas nos últimos três anos, calculadas a cada grupo de 100 mil habitantes. Com esses dados, o estudo apontou os municípios com as maiores taxas:
| Muncípio | UF | Habitantes | variação | taxa trienal |
| Vila Bela da Santíssima Trindade | MT | Até 20 mil | 250% | 136,10 |
| Nobres | MT | Até 20 mil | -11% | 114,30 |
| Calçoene | PA | Até 20 mil | -20% | 105,30 |
| Alto Paraguaí | MT | Até 20 mil | -8% | 99,30 |
| Cumaru do Norte | AP | Até 20 mil | 98,20 | 98,20 |
| Rio Preto da Eva | AM | De 20 a 50 mil | 178% | 98,50 |
| Barra do Bugres | MT | De 20 a 50 mil | 52% | 89,00 |
| Aripuanã | AM | De 20 a 50 mil | 0% | 85,90 |
| Novo Progresso | PA | De 20 a 50 mil | -48% | 85,80 |
| Mocajuba | PA | De 20 a 50 mil | -29% | 85,60 |
| São Félix do Xingu | PA | De 50 a 100 mil | -20% | 61,20 |
| Coari | AM | De 50 a 100 mil | 91% | 60,50 |
| Iranduba | AM | De 50 a 100 mil | -76% | 59,10 |
| Tabatinga | AM | De 50 a 100 mil | -11% | 57,60 |
| Santa Inês | AM | De 50 a 100 mil | 0% | 57,10 |
| Sorriso | MT | Acima de 100 mil | -8% | 65,30 |
| Santana | AP | Acima de 100 mil | 31% | 60,00 |
| Ituituba | PA | Acima de 100 mil | -28% | 48,10 |
| Macapá | AP | Acima de 100 mil | 7% | 52,50 |
| Altamira | PA | Acima de 100 mil | -54% | 50,90 |
Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Segundo o estudo, as situações das cidades são as seguintes:
- Vila Bela da Santíssima Trindade (MT): posição estratégica para o tráfico de drogas pela proximidade com a Bolívia.
- Nobres (MT): sob influência do CV e com conflitos entre a facção e o PCC.
- Calçoene (AP): cortada pela BR-156, usada como corredor para o tráfico de drogas.
- Alto Paraguai (MT): dominado pela Tropa do Castelar, dissidência do Comando Vermelho.
- Cumaru do Norte (PA): violência ligada a conflitos agrários, garimpo, facções e desmatamento acelerado.
- Rio Preto da Eva (AM): disputas entre PCC e CV ao longo de 2024.
- Barra do Bugres (MT): rota estratégica para o escoamento de drogas vindas da Bolívia, disputada por CV e PCC.
- Aripuanã (MT): garimpo ilegal, tráfico e atuação do Comando Vermelho em território indígena.
- Novo Progresso (PA): atravessada pela BR-163, rota do tráfico e palco de conflitos fundiários.
- Mocajuba (PA): parte da violência ligada ao CV; metade das mortes foi causada pela polícia.
- São Félix do Xingu (PA): combinação de desmatamento, conflitos fundiários e presença de facções.
- Coari (AM): rota hidroviária estratégica para escoar drogas do Peru e Colômbia.
- Iranduba (AM): município da região metropolitana de Manaus, com forte atuação do CV.
- Tabatinga (AM): tríplice fronteira com Peru e Colômbia; uma das principais entradas de drogas no país.
- Santa Inês (MA): cortada por duas rodovias, uma ferrovia e com aeroporto regional; área estratégica para crimes.
- Sorriso (MT): facções CV e PCC disputam o território desde 2023.
- Santana e Macapá (AP): concentram 75% da população do estado e 79% das mortes violentas; localização favorece crimes transfronteiriços.
- Altamira (PA): maior município do país, com histórico de grilagem e desmatamento; disputas entre CCA e CV.
- Itaituba (PA): eixo estratégico no rio Tapajós, com forte presença de garimpo ilegal e facções criminosas.
Presença de facções cresce e chega a quase metade da Amazônia
O estudo mostra que a presença de facções criminosas chegou a 45% dos municípios da Amazônia Legal.
Das 772 cidades da região, 344 apresentaram algum indício da atuação de grupos criminosos. O aumento é de 32,3% em relação ao ano passado, quando eram 260 cidades.
Para o FBSP, o crescimento está ligado ao controle das rotas do tráfico de drogas, especialmente no Alto Solimões. Crimes como o garimpo ilegal também impulsionam a expansão desses grupos.
Quantas e quais são as facções
Os pesquisadores identificaram 17 grupos criminosos, nacionais e internacionais, como o Comando Vermelho (CV), o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Tren de Araguá (Venezuela) e dissidências das ex-Farc, da Colômbia.
O CV tem influência em 83% das cidades com facções, chegando a 286 municípios — entre domínio e disputa. O grupo teve crescimento de 123% desde 2023.
O PCC está presente em 90 municípios, com controle em 31 e disputa em 59. A presença é semelhante à registrada há dois anos, quando estava em 93 cidades.
As 17 facções identificadas são:
- Comando Vermelho (CV);
- Primeiro Comando da Capital (PCC);
- Amigos do Estado (ADE);
- Bonde dos 40 (B40);
- Primeiro Comando do Maranhão (PCM);
- Família Terror do Amapá (FTA);
- União Criminosa do Amapá (UCA);
- Comando Classe A (CCA);
- Bonde dos 13 (B13);
- Bonde dos 777 (dissidência do CV);
- Tropa do Castelar;
- Piratas do Solimões;
- Bonde do Maluco (BDM);
- Guardiões do Estado (GDE);
- Tren de Araguá (Venezuela);
- Estado Maior Central (ECM, Colômbia);
- Ex-Farc Acácio Medina (Colômbia).
A presença varia conforme a localização: municípios próximos de fronteiras têm maior índice de atuação.
- Acre: 22 de 22 municípios (100%);
- Amapá: 10 de 16 (62,5%);
- Amazonas: 25 de 62 (40%);
- Maranhão (parte amazônica): 53 de 181 (29%);
- Mato Grosso: 92 de 141 (65%);
- Pará: 91 de 144 (63%);
- Rondônia: 21 de 52 (40%);
- Roraima: 13 de 15 (80%);
- Tocantins: 17 de 139 (12%).
(Sob supervisão de Alex Araújo)