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‘A dor da mãe do policial é a mesma que a minha’, diz mãe de jovem morto no Rio

Operação foi realizada na terça-feira (28) contra o Comando Vermelho deixou 121 mortos

Mãe perdeu o filho durante operação no Rio de Janeiro

A mãe de um jovem de 20 anos que está entre os 121 mortos na Operação Contenção, a mais letal do Rio de Janeiro, disse que a dor dela é a mesma da mãe de um dos policiais mortos na ação.

“Eu estou vendo muita gente falando sobre a mãe de um dos policiais que morreram né. A dor dela não é diferente da minha, porque ela é mãe como eu e como todas as mães dos corpos que estavam lá. Então a gente também precisa ser ouvido”, disse, na saída do Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro.

Tauã Brito fez, ainda, duras críticas ao governo do Rio de Janeiro e pediu mudanças para as pessoas da favela.

“A gente também precisa que aconteça mudança, porque para governar um estado não é só chegar dentro de favela e ficar tirando vida não, é muito mais que isso. É dar oportunidade, visão para que eles possam ver coisas diferentes do que a realidade de uma favela”, declarou.

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Filho queria se entregar

Tauã contou que, durante a operação na terça-feira (28), recebeu uma mensagem do filho pedindo ajuda, porque estava encurralado na mata.

“Ele me mandou mensagem pedindo para tirar ele e que ele estava encurralado. Muitos que tentaram se entregar morreram. Na mente dele, eu acho que ele pensou: ‘Se minha mãe tiver aqui, eles vão me levar preso’”, contou a mãe.

Devido à troca de tiros, a família não conseguiu chegar a tempo, e o jovem foi morto. “Eles tiraram o direito de eu chegar no meu filho e fazer ele se entregar. A gente só conseguiu entrar no mato depois de oito horas da noite, depois que a polícia foi embora”, lamentou a mãe.

O jovem foi encontrado por volta de uma hora da manhã na mata, com um tiro na cabeça, uma marca de corda no braço e um dos braços cortados.

“Eu nunca apoiei a vida que meu filho levava, as escolhas que ele fez, mas como mãe, eu nunca ia virar as costas pra ele”, afirmou.

Veja o vídeo:

Esquema de reconhecimento

O Instituto Médico Legal (IML) do Rio faz um esquema especial para reconhecer os corpos. Até o momento, cerca de 80 corpos passaram por exames de necropsia e parte deles foi liberada para a retirada pelas famílias.

O atendimento às famílias ocorre no posto do Detran próximo à unidade e os corpos que não têm relação com a operação foram temporariamente encaminhados ao IML de Niterói.

Diana Rogers tem 34 anos e é repórter correspondente no Rio de Janeiro. Trabalha como repórter em rádio desde os 21 anos e passou por cinco emissoras no Rio: Globo, CBN, Tupi, Manchete e Mec. Cobriu grandes eventos como sete Carnavais na Sapucaí, bastidores da Copa de 2014 e das Olimpíadas em 2016.
Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.