Mulher é demitida por justa causa após chamar colega de trabalho de negra ‘medusa’ em MG

TRT-MG confirmou sentença da Vara de Uberlândia e considerou válida a dispensa feita pela empresa após ofensa racista; vítima ficou abalada emocionalmente

Mulher é demitida por justa causa após chamar colega de trabalho de negra ‘medusa’ em MG

A Justiça do Trabalho de Minas Gerais manteve a demissão por justa causa de uma funcionária que ofendeu uma colega negra com apelidos racistas no ambiente de trabalho. A decisão foi tomada pela Sexta Turma do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MG), por meio da sentença da 6ª Vara do Trabalho de Uberlândia, no Triângulo Mineiro.

Segundo o processo, a trabalhadora chamou a colega de “Medusa”, fazendo referência ao penteado dela, que usava tranças afro. O comentário racista foi feito durante o trabalho, na frente de outras funcionárias, que riram da situação. Consta no processo também, que a vítima ficou abalada, chorou e precisou ser atendida pela técnica de segurança do trabalho.

O processo transitou em julgado e foi encerrado. Sendo assim, não cabe mais recurso. O caso aconteceu em 23 de setembro de 2024. Após as ofensas, a trabalhadora pediu demissão da empresa.

De acordo com a empresa, treinamentos sobre respeito, assédio e discriminação foram apresentados no local e trabalho e a funcionária envolvida participou dessas atividades. Eles alegaram também que outros trabalhadores que participaram da ofensa receberam a mesma punição.

Para o relator do caso, desembargador Anemar Pereira Amaral, o caso foi apresentado como “grave o bastante para quebrar a confiança necessária na relação de trabalho”. O magistrado afirmou que ficou claro que houve ato racista, o que fere a honra da colega e pode ser enquadrado como injúria racial, crime previsto na legislação brasileira.

O desembargador destacou ainda que atitudes racistas, dentro ou fora do ambiente de trabalho, são inaceitáveis e precisam ser combatidas. Ele também lembrou que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou, em 2024, um protocolo que orienta juízes de todo o país a analisarem casos considerando o impacto do racismo estrutural na sociedade.

Com base nas provas, a Justiça decidiu manter a justa causa e negou o pedido de indenização por danos morais feito pela trabalhadora. Para os julgadores, a demissão foi legítima e proporcional diante da ofensa praticada. O processo já foi encerrado.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.

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