Caso Leandro Lo: após absolvição, tenente pode deixar presídio a qualquer momento

Tribunal de Justiça de São Paulo já expediu mandado de soltura. A saída do militar só depende de trâmites protocolares

Henrique Otavio Oliveira Velozo é acusado de matar o campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo

Após ser absolvido pelo Tribunal do Júri, o tenente da Polícia Militar, Henrique Velozo, pode deixar a qualquer momento o presídio militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo.

O alvará de soltura do policial, preso de forma preventiva, já foi expedido, de acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo. Com isso, a soltura do PM depende apenas de trâmites protocolares do sistema prisional militar.

Após três dias de julgamento, o tenente foi absolvido pelos jurados nesta sexta-feira (14), em São Paulo, pelo assassinato do campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo, de 33 anos.

A maioria dos jurados acolheu os argumentos da defesa do militar, que sustentava desde o início que o PM agiu em legítima defesa. O julgamento de Velozo começou na quarta-feira (12) e terminou nessa sexta, no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista.

Há quase um mês, a Itatiaia teve acesso a uma decisão liminar que foi considerada uma vitória da defesa do militar. A Justiça de São Paulo acolheu o pedido dos advogados para que o PM fosse reintegrado à corporação antes mesmo do julgamento ser concluído. Por ser Tenente, o militar voltará a receber um salário de R$ 14.600.

Por meio de decisão liminar, o desembargador Ricardo Dip, do Tribunal de Justiça de SP (TJ-SP), suspendeu a eficácia do decreto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) que havia exonerado Velozo dos quadros da PM.

Em um trecho do documento, o magistrado afirma que é “razoável” que aguarde a conclusão do processo que seja tomada qualquer decisão sobre o futuro profissional do militar.

“Admitida embora a independência das instâncias penal, cível e administrativa, mostra-se razoável que se aguarde o trânsito em julgado do acórdão proferido pelo Conselho de Justificação para, então, admitir-se a aplicação da penalidade de demissão e suspensão dos vencimentos do impetrante”.

Na sequência, o desembargador determina que seja restabelecido o pagamento do salário do militar.

“Defiro a liminar para restabelecer o pagamento de seus vencimentos e suspender a eficácia do decreto que determinou a aplicação da penalidade de demissão até o trânsito em julgado do acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça Militar”, diz trecho da decisão.

A decisão suspendeu o decreto do governador Tarcísio

A decisão liminar do desembargador suspende integralmente o decreto do governador Tarcísio de Freitas. No dia 22 de setembro, Tarcísio aceitou a recomendação do Tribunal de Justiça Militar e demitiu o tenente da PM.

Com a decisão, na prática, Velozo voltou a ser considerado PM. No entanto, ele permaneceu preso sob custódia no Presídio Militar Romão Gomes.

À época, a defesa do militar sustentou que a decisão restabeleceu o equilíbrio jurídico do caso. Na oportunidade, o advogado Cláudio Dalledone, que representa Henrique Velozo, já garantia que provocaria a inocência do cliente.

“Ele será absolvido e regressará às fileiras da Polícia Militar do Estado de São Paulo”, disse Dalledone em uma nota enviada à Itatiaia antes do julgamento ser concluído.

Leia também

Relembre o caso

O crime aconteceu em agosto de 2022 dentro do Clube Sírio, no bairro de Indianópolis, na Zona Sul. Leandro morreu após ser baleado na cabeça durante um show. O único disparo que atingiu a cabeça do lutador foi feito pelo militar Henrique Velozo.

Após o crime, o PM se entregou à Corregedoria e estava preso desde então no presídio militar Romão Gomes.

Os detalhes e as versões sobre o crime:

Relatos de como teria acontecido o crime

O lutador Leandro Lo foi assassinado, em agosto de 2022, com um tiro na cabeça durante um show no Clube Sírio, na zona sul de São Paulo.

A defesa de Leandro Lo relatou, com base no depoimento de testemunhas, que a discussão começou quando o PM, durante o evento, foi em direção à mesa em que o lutador e outros amigos estavam e começou a mexer nas bebidas.

O campeão mundial não teria gostado e, como reação, aplicou um golpe de jiu-jítsu para imobilizar o suspeito. “Nesse momento, o rapaz levantou, deu a volta e deu um tiro na cabeça do Leandro”, disse Ivã Siqueira. O policial ainda teria chutado a vítima duas vezes quando ela estava no chão.

Ainda de acordo com o advogado, o fato de ser um policial militar teria viabilizado a sua entrada no show com a arma. O caso foi registrado como tentativa de homicídio e está sendo investigado pelo 16º Distrito Policial (DP) da capital.

Quem era Leandro Lo

Oito vezes campeão mundial de jiu-jítsu, o paulistano Leandro Lo é tratado como um dos principais nomes da modalidade. No currículo, o atleta também acumula títulos de Copa do Mundo, Campeonato Brasileiro e pan-americano.

O último campeonato conquistado foi em junho. Nas redes sociais, o lutador descreveu a conquista como uma das mais importantes da carreira e afirmou que vencê-la foi tão marcante quanto a primeira vez em que foi campeão, em 2012, há 10 anos.

Correspondente da Rádio Itatiaia em São Paulo. Ingressou na emissora em 2023. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. Na Band, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na Band News FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do Band News TV. Em 2023, foi reconhecido como um dos 30 jornalistas mais premiados do Brasil.

Ouvindo...