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Jovem que ficou cego com intoxicação por metanol revela que a bebida era de marca famosa

Jovem ficou temporariamente cego e deu detalhes sobre os sintomas; Secretaria de Saúde investiga pelo menos dez casos e três pessoas morreram

Jovem que ficou cego com intoxicação por metanol revela que a bebida era de marca famosa

Cego temporariamente após ingerir uma bebida alcoólica com metanol em São Paulo, Diego Marques, de 23 anos, contou como tudo aconteceu e disse que a garrafa estava lacrada e era de uma marca famosa, mas havia sido adulterada sem que ele soubesse. Até o momento, três pessoas morreram intoxicadas por metanol.

“Quando a gente comprou, a bebida estava lacrada e, pela marca, não esperávamos o pior”, disse ele em entrevista à CNN. Diego relatou ainda que precisou ficar internado por três dias, depois que exames apontaram a presença de metanol no sangue. Segundo familiares, os amigos compraram as bebidas em uma adega onde já tinham o costume de ir.

Um amigo do estudante, que também ingeriu a bebida, está internado em estado grave há 28 dias. “Ele está respirando por aparelhos, não tem fluxo sanguíneo cerebral. Segundo os médicos, é irreversível”, lamentou a mãe de Rafael.

“Quando pegamos a garrafa, não havia nada de anormal”, acrescentou Diego. De acordo com a Secretaria de Saúde de São Paulo, pelo menos dez casos estão sendo investigados. Durante a entrevista, o jovem afirmou que outras pessoas também consumiram a bebida e precisaram de internação.

Bebidas falsificadas

Na contaminação por metanol em São Paulo, todos os casos estão ligados ao consumo de bebidas alcoólicas falsificadas, segundo a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad). Para a Associação Brasileira de Combate à Fiscalização (ABCF), a principal suspeita é de que o metanol usado na adulteração seja o mesmo importado ilegalmente pelo PCC, utilizado para batizar combustíveis.

De acordo com a Polícia Civil, que investiga o caso, as vítimas, com idades entre 23 e 27 anos, consumiram uma garrafa de gim no dia 1º de setembro. Até a última atualização, os órgãos de saúde ainda não haviam esclarecido como ocorreram as intoxicações.

O que é o metanol?

O metanol, encontrado na bebida ingerida por Diogo e os amigos, é uma substância altamente inflamável e de difícil identificação. Segundo informações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, é um “composto orgânico da família dos álcoois, sendo líquido à temperatura ambiente”. O cheiro do produto, que também é inflamável e incolor, se assemelha ao de uma bebida alcoólica comum. No Brasil, sua principal função é servir como matéria-prima para a produção de biodiesel.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e do Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNCP), emitiu, no sábado (27), uma recomendação urgente aos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas no estado de São Paulo e em regiões próximas.

Riscos à saúde

A ingestão, inalação ou até mesmo o contato prolongado com metanol pode causar náusea, tontura, cegueira e até a morte. Pequenas quantidades já são suficientes para provocar intoxicação grave.

O produto também é inflamável, podendo gerar incêndios e explosões em caso de manuseio inadequado. A presença de metanol em excesso na gasolina ou no etanol adulterado multiplica os perigos: além de enganar o consumidor, pode levar a falhas mecânicas graves e colocar motoristas e passageiros em risco de acidentes.

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.