Ouvindo...

Golpe do Golpe: falsificadores de bebidas compraram etanol ‘batizado’ com metanol em posto

Com base em apurações da polícia, a Itatiaia traçou uma linha para detalhar ponto a ponto como funcionava o esquema

Galões encontrados em fábrica clandestina de bebidas alcoólicas de São Bernardo do Campo

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que as forças de segurança identificaram que fraudadores, que estavam adulterando bebidas alcoólicas com etanol, podem ter sido enganados por outra organização criminosa.

Os golpistas teriam caído em um golpe em um posto de combustível e comprado etanol adulterado com metanol. Popularmente conhecido como 'álcool de posto’, o etanol adulterado tinha mais de 40% de metanol, segundo Derrite. São dois esquemas criminosos independentes e que se encontraram, apontam as investigações.

“O falsificador foi no posto comprar etanol para falsificar a bebida, e o dono do posto vendeu etanol falsificado com metanol”, detalhou Derrite.

As declarações foram dadas por Derrite em uma coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (10) após a Polícia Civil descobrir uma fábrica em São Bernardo do Campo que adulterava bebidas com etanol.

Ponto a ponto: entenda como a polícia desarticulou o esquema

Nesta sexta-feira, a força-tarefa do Governo de São Paulo fechou nesta sexta-feira uma fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que distribuía produtos adulterados para outros estabelecimentos comerciais.

As investigações apontam que o falsificador teria comprado etanol de um posto que usava combustível adulterado com metanol. Os agentes da Polícia Civil chegaram até a fábrica após investigarem a morte do empresário Ricardo Lopes Mira, de 54 anos, a primeira vítima por intoxicação. O homem passou mal no dia 12 de setembro e morreu quatro dias depois.

O bar: Polícia identificou estabelecimento onde o homem bebeu

Ricardo Lopes consumiu a bebida contaminada em um bar na Mooca, Zona Leste de São Paulo. O local foi vistoriado pela polícia e as equipes apreenderam nove garrafas de bebidas alcoólicas. Peritos detectaram a presença de metanol em oito produtos, com percentuais que variaram entre 14% e 45%.“Essa concentração é muito grande”, destacou Derrite.

Leia também

A fábrica: Dono de bar apontou que comprou bebidas em local clandestino

No depoimento dado à polícia, o dono do bar - onde a vítima consumiu a bebida contaminada - confessou que havia comprado as garrafas em neste estabelecimento ilegal. De acordo com a polícia, os responsáveis pelo comércio utilizavam etanol para adulterar as bebidas alcoólicas.

A polícia diz que uma mulher foi presa praticando o crime de adulteração de bebidas. O marido dela, que também participaria da adulteração, não foi localizado e está sendo procurado. No entanto, ele é conhecido da Polícia. O homem já foi preso por falsificação de produtos do ramo de alimentos.

O posto de combustível: etanol utilizado nas bebidas era ‘batizado’, diz policia

De acordo com a polícia, a distribuidora clandestina utilizava 'álcool de posto’ para fabricar as bebidas falsificadas. No entanto, os peritos identificaram que o etanol estava ‘batizado’ com metanol, substância altamente tóxica e proibida para consumo humano.

“O falsificador foi no posto comprar etanol para falsificar a bebida, e o dono do posto vendeu etanol falsificado com metanol”, destacou o secretário de segurança pública.

Prisões e apreensões

Além de São Bernardo do Campo, endereços em São Caetano do Sul e na capital paulista também foram vistoriados. Ao todo, oito suspeitos foram encaminhados à delegacia para prestar esclarecimentos. Garrafas, bebidas, aparelhos celulares e outros itens foram apreendidos na ação e encaminhados à perícia.

Se comprovada a responsabilidade, os falsificadores vão responder por falsificação, corrupção ou adulteração de substâncias ou produtos alimentícios. A pena é de reclusão de 4 a 8 anos, além de multa.

Além do crime de adulteração de combustível, os donos de postos também podem responder como ‘coautores’ no caso das contaminações por metanol que terminaram com intoxicações e mortes em São Paulo. Segundo Derrite, eles podem responder por associação criminosa e homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.

Os próximos passos da investigação

A partir de agora, a Polícia Civil irá investigar se o etanol adulterado com metanol está restrito a um único posto ou se o combustível adulterado está distribuído em uma rede de postos. A polícia também investirá nas apurações para rastrear a origem de todos os produtos apreendidos.

“Hoje, foi a maior resposta que tivemos até aqui, do trabalho de investigação da Polícia Civil que descobriu essa fábrica clandestina de adulteração de bebidas, inclusive a relação dela com essa outra distribuidora. O próximo passo são os postos de combustíveis, ou o posto onde foi adquirido esse etanol contaminado”, finalizou o secretário de Segurança Pública.

Na coletiva, nesta sexta, Derrite voltou a sustentar a linha de acredita que a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) não tem ligação direta com o esquema de falsificação de bebidas alcoólicas em São Paulo.

Correspondente da Rádio Itatiaia em São Paulo. Ingressou na emissora em 2023. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. Na Band, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na Band News FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do Band News TV. Em 2023, foi reconhecido como um dos 30 jornalistas mais premiados do Brasil.