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Adulteração por metanol: vinho, chope e cerveja também correm risco?

Professor de Química do Ibmec BH explica se bebidas fermentadas têm menos chances de contaminação e alerta para sinais de fraude no consumo

Professor de química explica risco de adulteração em bebidas alcólicas fermentadas

Os casos suspeitos de intoxicação por metanol continuam a crescer no Brasil. Com medo, muitos consumidores têm evitado bebidas alcoólicas, especialmente as destiladas, como vodka, gin e whisky. Apesar disso, bebidas fermentadas, como vinho, chope e cerveja, também podem ser adulteradas, conforme explica o professor de Química da Faculdade Ibmec, em Belo Horizonte, Paulo Henrique Tavares.

No entanto, Tavares ressalta que o risco de adulteração em cervejas e vinhos é muito menor do que o observado em destilados. E há razões para isso. “O primeiro motivo é a embalagem. No caso das cervejas, por exemplo, as latas são muito mais difíceis de serem fraudadas. Além disso, há uma questão de lógica: não é vantajoso gastar dinheiro para adulterar bebidas como cerveja ou vinho, já que o teor alcoólico delas é muito menor do que o dos destilados”, explica Tavares.

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Ele exemplifica: “Se compararmos uma cerveja e uma cachaça, o teor de álcool na cerveja é cerca de dez vezes menor”.

O professor acrescenta que, no caso dos refrigerantes, o risco é praticamente nulo. “A presença de qualquer substância como o metanol causaria uma alteração muito grande no sabor, e as pessoas dificilmente continuariam bebendo depois do primeiro gole.”

É possível identificar o metanol pelo gosto?

De acordo com Tavares, nas bebidas destiladas é praticamente impossível identificar a adulteração apenas pelo paladar. “Quando falamos de cachaça, gin ou vodka, é muito difícil perceber, porque elas já têm uma quantidade alta de etanol. Já em bebidas como cerveja, e principalmente nos refrigerantes, essa alteração seria notada logo no primeiro gole.”

Preço baixo também pode ser sinal de alerta

O professor também chama atenção para o valor das bebidas como um possível indício de fraude. “Quando a esmola é demais, o santo desconfia”, brinca. “Essas pessoas, por lidarem com produtos clandestinos e sem pagar impostos, conseguem oferecer preços que quem trabalha de forma regular e fiscalizada jamais conseguiria. O preço muito abaixo do normal deve acender um sinal de alerta.”, explica o professor.

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Jornalista graduada em 2005 pelo Centro Universitário Newton Paiva, com experiência em rádio e televisão. Desde 2022 atua como repórter de cidades na Itatiaia.
Izabella Gomes é estudante de Jornalismo na PUC Minas e estagiária na Itatiaia. Atua como repórter no jornalismo digital, com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo.