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Felca e o vídeo sobre ‘adultização': veja tudo o que se sabe sobre denúncia e influenciadores citados

Vídeo do youtuber, que acusa o influenciador Hytalo Santos de exploração de menores, viralizou, repercutiu nas redes e chegou à Câmara dos Deputados

Youtuber e humorista denunciou influenciadores que exploram a imagem de crianças e adolescentes

O vídeo chamado “Adultização”, do youtuber e humorista Felca, tem sido um dos temas mais comentados dos últimos dias nas redes e fora delas. Desde que foi publicado, nessa quarta-feira (6), já passou de 30 milhões de visualizações e 200 mil comentários.

O assunto virou pauta de debate em podcasts, reflexões de influencers, comentários de especialistas em infância e segurança digital e chegou até políticos de diversas instâncias.

Mas de onde surgiu esse assunto, quem são as pessoas citadas e por que o vídeo viralizou? Entenda o caso:

O vídeo

Felipe Bressanim Pereira, de 27 anos, o Felca, fez um vídeo de cerca de 50 minutos, em que aborda a “adultização” de crianças na internet. Ele começa citando “coaches mirins”, que são adolescentes e até crianças que falam sobre investimentos online. Em um trecho, mostra um jovem afirma que a escola “atrapalhava seu desenvolvimento”. O youtuber critica os pais e responsáveis por permitir a exposição dos filhos nesse e nos mais variados contextos na rede.

Em seguida, associa a adultização ao contexto da pedofilia e aponta que algoritmos das redes sociais favorecem a exposição e exploração de crianças, aumentando riscos para crimes.

Na parte final do vídeo, Felca entra no caso de Hytalo Santos, alvo de investigações desde 2024 pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) por suposta exploração de menores em conteúdos publicados online. Ele também entrevista uma psicóloga, que explica os danos psicológicos que situações como essa podem causar.

A denúncia das atividades de Hytalo Santos

Felca acusa o influenciador paraibano Hytalo de criar e reproduzir conteúdos que exploram menores de idade. Um dos exemplos citados no vídeo é o caso de Kamylla Santos, de 17 anos, que, segundo o youtuber, teria sua imagem explorada de forma sensual em publicações.

Segundo o MPPB, dois promotores acompanham o caso, mas nenhum deles pediu a desativação do perfil de Hytalo. O órgão informou que o inquérito criminal foi aberto antes das declarações de Felca.

Após a repercussão, o caso chegou à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. O presidente do colegiado, deputado Reimont, sugeriu a prisão de Hytalo Santos.

Quem é Felca

Felipe Bressanim Pereira, youtuber e humorista mais conhecido como Felca, de 27 anos, produz vídeos de humor na internet desde 2012.

Ele ficou conhecido por conteúdos críticos a tendências e comportamentos que levam à viralização, como o vídeo “Testei a base da Virgínia” (mais de 19 milhões de visualizações) e a as “lives de NPC” (um formato de transmissão ao vivo caracterizado por uma relação de ordens e reações) no TikTok.

Felca também critica influenciadores que divulgam apostas esportivas, conhecidas como bets. Ele chegou a ser convidado pela senadora Soraya Thronicke para participar da CPI das Bets, mas a participação não aconteceu.

Durante entrevista ao podcast PodDelas, o youtuber afirmou que passou a andar com carro blindado e seguranças em São Paulo, cidade onde mora, para se proteger de ameaças depois de publicar vídeos com denúncias.

Repercussão

O vídeo gerou ampla repercussão nas redes sociais, pronunciamentos de pessoas públicas e reportagens em grandes portais e na TV.

Segundo o JN, em que uma matéria foi veiculada nessa segunda-feira (11), em Brasília, deputados passaram a defender a aceleração da tramitação de projetos que combatem esse tipo de violência contra jovens.

Na própria segunda-feira (11), foram apresentados 12 novos projetos de lei para aumentar a proteção de crianças e adolescentes na internet. Outras 26 propostas já estavam na Câmara, mas estavam paradas.

O pediatra e ativista pela infância Daniel Becker, uma das maiores referências sobre o bem-estar de crianças e adolescentes no país, também participou da reportagem. Ele afirmou que esse tipo de exposição pode comprometer seriamente o desenvolvimento da personalidade de uma criança. Antes da exibição da matéria, Becker já havia classificado o vídeo de Felca como “de utilidade pública” em seu Instagram, no sábado (9), ressaltando que a adultização vai além da erotização.

Entre as manifestações de apoio, a autora e roteirista Glória Perez escreveu: “Felca denuncia a rede de pedofilia e exposição infantil que se formou na web. Um vídeo forte e mais do que necessário. Assistam no canal dele, no YouTube. Parabéns, Felca.”

Já a cantora Claudia Leitte publicou: “Obrigada, Felca, Deus te abençoe e proteja!”, incentivando seus seguidores a compartilharem o conteúdo.

* Sob a supervisão de Marina Dias

Izabella Gomes é estagiária na Itatiaia, atuando no setor de Jornalismo Digital, com foco na editoria de Cidades. Atualmente, é graduanda em Jornalismo pela PUC Minas