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Transplante de rim de porco: mulher se torna a primeira a sobreviver há tanto tempo com órgão

Cirurgia é a mais recente de uma série de procedimentos como xenotransplante, sendo a prática de transplante de órgãos entre espécies; essa é a primeira vez que um paciente sobrevive tanto tempo com o órgão

Dr. Jayme Locke, Towana Looney (paciente que recebeu o transplante) e Dr. Robert Montgomery.

Uma mulher de 53 anos que recebeu o rim de um porco e após anos de hemodiálise, é a primeira a sobreviver há tanto tempo com um órgão animal. Towana Looney, está há 65 dias com um rim transplantado e mora nos Estados Unidos, no estado do Alabama. A cirurgia foi realizada em novembro de 2024 pela equipe médica de pesquisadores do NYU Langone Transplant Institute, nos EUA.

No mesmo mês, Looney foi a 5ª pessoa no mundo a receber um órgão de porco geneticamente modificado. Segundo ela, hoje sua vida é saudável e cheia de energia. “Eu sou uma supermulher”, brincou em entrevista à Associated Press, mencionando que até ultrapassa familiares em caminhadas por Nova York.

Nenhum dos outros quatro pacientes sobreviveram por mais de dois meses com o órgão. Segundo o Dr. Robert Montgomery, da NYU Langone Health, sua função renal está “absolutamente normal”. Os médicos esperam que ela possa voltar para casa, em Gadsden, Alabama, em um mês.

Towana luta por um rim desde 2017. Tudo começou quando, em 1999, ela doou um rim para a mãe, que tinha insuficiência renal. Anos depois, durante a gravidez, ela desenvolveu a mesma doença devido a complicações causadas pela pressão alta. Em dezembro de 2016, iniciou o tratamento com hemodiálise e, um ano depois, entrou na lista de espera para transplante, mas nunca encontrou um doador compatível.

Casos de transplantes de coração e rins

Outros quatro americanos receberam órgãos de porcos geneticamente modificados: dois com corações e dois com rins, mas nenhum sobreviveu mais de dois meses. O sucesso do transplante de Looney traz otimismo para médicos e cientistas, que veem na modificação genética de porcos uma possível solução para a escassez de órgãos humanos.

“Devemos proteger a todo custo nossos heróis que deram o presente da vida a outra pessoa”, disse Robert Montgomery, MD, DPhil, que liderou o procedimento.

“Towana representa o ápice do progresso que fizemos no xenotransplante desde que realizamos a primeira cirurgia em 2021. Ela serve como um farol de esperança para aqueles que lutam contra a insuficiência renal. Todos os médicos, pesquisadores, enfermeiros, administradores e equipes de cuidados peroperatórios envolvidos em tornar este momento possível estão muito emocionados por ela, e eu não poderia estar mais orgulhoso do que eles fizeram para melhorar a vida de Towana”, disse ele.

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O que é xenotransplante

A cirurgia de Looney é a mais recente de uma série de procedimentos semelhantes conhecidos como xenotransplante, que é a prática de transplante de órgãos entre espécies. O órgão é de um porco, mas geneticamente modificado para ser melhor aceito no corpo humano.

Neste caso, o rim tinha dez modificações genéticas que incluem a remoção de três antígenos imunogênicos, que podiam reforçar a resposta imunológica humana e causar a recusa. Além de um receptor de hormônio de crescimento suíno, para evitar que ele ficasse desproporcional ao corpo humano.

“O xenotransplante continua sendo uma nova fronteira na cirurgia, com desafios a serem superados. No entanto, Looney está mais saudável do que nunca em oito anos”, disse o médico. “ É uma bênção”, disse Looney. “Sinto como se tivesse recebido outra chance na vida. Mal posso esperar para poder viajar novamente e passar mais tempo de qualidade com minha família e netos!, completou.

O procedimento de Looney marca a terceira vez que um rim de um porco com edição genética foi transplantado para um ser humano vivo. Ela é a primeira a receber um rim de um porco com 10 edições genéticas e é atualmente a única pessoa no mundo vivendo com um órgão de porco.

Ainda foram adicionados seis transgenes humanos, para ajudar que ficasse mais parecido com o órgão humano e reduzir a probabilidade de rejeição.

As pesquisas sobre o xenotransplante vem crescendo nos últimos anos como opção frente à falta de órgãos para as pessoas com doenças que dependente de transplante.


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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.