Ouvindo...

Entenda o que é ‘hidrolipo’, procedimento realizado em mulher que morreu em clínica de SP

Especialista esclarece que nomes como ‘hidrolipo’, ‘minilipo’ e ‘lipo fracionada’ não são técnicas cirúrgicas, apenas nomes comerciais

Uma mulher de 31 anos morreu após realizar uma ‘hidrolipo’ em uma clínica na zona Leste de São Paulo, nessa terça-feira (26).

Esse não é o primeiro caso de morte durante procedimento estético, e dúvidas surgem quando uma ocorrência dessas aparece na mídia — a começar com o que é ‘hidrolipo’ e qual a diferença para outras lipos.

Pedro Nery Bersan, cirurgião plástico titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e vice-coordenador de cirurgia plástica do Hospital Madre Teresa, tira as principais dúvidas sobre o procedimento, indicações, quando pode ser realizado com segurança e os riscos.

Segundo ele, não é adequado usar o tempo ‘hidrolipo’, por causar uma sensação de que é algo mais simples do que outras intervenções. “Não podemos subestimar os cuidados necessários e nem superestimar as indicações: a lipo deve ser sempre feita por cirurgião plástico, em ambiente hospitalar com presença de anestesiologista”, explica.

Segundo ele, lipoaspirações em ambientes inadequados e de grandes volumes são a principal causa de complicações graves da cirurgia. Confira:

Leia também

O que é ‘hidrolipo’

O médico esclarece que nomes como ‘hidrolipo’, ‘minilipo’ e ‘lipo fracionada’ não devem ser usados, porque não são técnicas cirúrgicas, apenas nomes comerciais. “Nada disso ‘existe’ de fato, o que existe é o procedimento de lipoaspiração, ou seja, a extração mecânica de gordura por meio de finas cânulas e, atualmente, com auxílio de diversas tecnologias de segurança e eficácia”, explicou o especialista.

“A lipo pode ser feita em regiões maiores ou menores do corpo (até o limite de 40% da área e 7% do peso corporal) e com adjuvância de infiltração de grandes volumes de soro fisiológico — mas sempre será lipoaspiração e merece todos os cuidados necessários ao procedimento cirúrgico. Dito isso e respeitadas essas regras, é uma cirurgia muito segura”, acrescentou.

Segundo ele, nomes como ‘hidrolipo’ passam uma falsa sensação de simplicidade. “Como se não fosse necessário os cuidados como, por exemplo, sempre realizar a lipo em ambiente hospitalar e com presença de anestesiologista. É aí que começa o perigo”, disse.

Quem pode fazer esse tipo de procedimento

O médico explicou que a lipoaspiração é o procedimento para definição de contorno corporal com tratamento de gordura localizada. “Atualmente a retirada de gordura é feita com auxílio de tecnologias de emulsificação de gordura e retração de pele, então conseguimos uma enorme evolução tanto em termos de definição e contorno corporais quanto em segurança do procedimento. Quando bem indicada e bem realizada, os índices de complicação da lipoaspiração são semelhantes aos de outras cirurgias plásticas”, indicou.

O que não podemos é subestimar os cuidados necessários e nem superestimar as indicações: a lipo deve ser sempre feita por cirurgião plástico, em ambiente hospitalar com presença de anestesiologista. “E nunca pode ser indicada como procedimento emagrecedor. O máximo de gordura que pode ser retirada, por exemplo, é de 7% do peso corporal. Isso é mais do que suficiente para definir contornos em pacientes com peso adequado, mas não é adequado para quem está acima do peso”, afirmou.

Isso porque, segundo o especialista, as lipoaspirações em ambiente inadequado e de grandes volumes (acima de 7%) são a principal causa de complicações graves da cirurgia.

Os riscos

De acordo com Pedro, os riscos da lipo incluem aqueles comuns a todos os procedimentos cirúrgicos, como sangramentos, infecções, seromas (acúmulo de líquido sob a pele) e deiscências (conhecida como abertura dos pontos). “Menos comuns e com maior gravidade estão as reações alérgicas severas e embolias. A anemia aguda também é grave, mas, em geral, só ocorre em situações que extrapolam o limite de segurança da cirurgia”, disse.

O especialista indicou que algumas situações podem ser evitadas com os cuidados pré-operatórios adequados e respeito à indicação correta da lipo. “Ou podem ser solucionados, caso ocorram, se diagnosticados e abordados adequadamente em ambiente hospitalar”, finalizou.

Entenda o caso

O procedimento de Paloma Lopes Alves foi realizado na região das costas e abdome, sendo que a previsão de alta médica seria no fim da tarde, pelo próprio médico que faria o procedimento. Porém, no decorrer do procedimento, ela entrou em parada cardiorrespiratória irreversível.

A mulher foi socorrida e encaminhada pelo SAMU ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde teve a morte confirmada. O médico que atendeu Paloma apontou como causa provável do óbito embolia pulmonar.

Segundo o esposo, Paloma não conhecia o médico, e o procedimento foi totalmente contratado através das redes sociais. O primeiro contato pessoal deles foi no dia da entrada na clínica. O pagamento foi realizado por transferências bancárias.

Após ter solicitado o suporte do SAMU, o médico não foi mais visto, e todo o conteúdo da clínica Maná 7 e Maná Day foi removido das redes sociais.


Participe dos canais da Itatiaia:

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Leia mais