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Dia dos Namorados: agâmicos podem ser adeptos do poliamor e não querem casar

Agamia é forma de relacionamento que cresce entre jovens no Brasil

No Dia dos Namorados, muitos jovens não querem nem saber de compromisso sério

Casais do Brasil inteiro comemoram o Dia dos Namorados, celebrado neste 12 de junho. Muitos planejam se casar e ter filhos. Mas nem todos seguem esse roteiro. É o caso dos agâmicos, que são homens e mulheres que não querem nem pensar em ter parceiros fixos, casamentos e muito menos filhos. Esse tipo de relacionamento cresce no Brasil e em outros países e chamado de agamia.

“É uma mudança na sensibilidade de como construir família, de como construir casal. Também tem novas noções, como poliamor, que é algo parecido com o que chamava antes de relacionamento aberto. Quer dizer você, se sabe que o casal casado talvez não seja um mar de rosas. Muito pelo contrário, destaca a pesquisadora a professora Heloisa Buarque de Almeida, do departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e pesquisadora do Numas (Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença).

Ela explica que parte das novas gerações busca outras formas de relacionamento, sem compromisso legal. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2023 mostram que o número de pessoas solteiras no Brasil era de 81 milhões, enquanto o número de casadas soma 63 milhões.

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A palavra agamia vem do grego: “a” (não ou sem) e “gamos” (união íntima ou casamento) e tem como base a falta de interesse de um indivíduo em firmar um relacionamento romântico com outra pessoa, o que passa também pela intenção de os casais não desejarem filhos.

“As formas de manter relações, manter família e sexualidade estão em transformação. E faz algum tempo essa coisa de, por exemplo, não querer casar, não querer ter filhos, que, no caso, não quer dizer não querer ter sexo. Não são pessoas que se definem como assexuais, por exemplo”, disse à rádio USP.

“Acontece é que em muitos países isso tá mudando. Esse amor romântico foi produzido pelo cinema, pela literatura, pela TV. Ele nunca correspondeu à realidade”, lembrou.

Sobre o poliamor

Autor de um livro que fala sobre poliamor, Antônio Cerdeira Pilão, pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da USP, destaca que são muitas as formas de se relacionar amorosamente e explica a diferença entre poliamor e relacionamento aberto.

“Poliamor se diferencia do relacionamento aberto na medida em que é uma palavra que se refere não apenas à possibilidade de se envolver sexualmente com mais de uma pessoa, mas afetivamente. A necessidade da utilização do termo poliamor é o fato de que nenhum outro modelo de relação anterior deixava claro que se acreditava e se almejava viver mais de um relacionamento amoroso ao mesmo tempo, porque, no conceito de relacionamento aberto, a possibilidade normalmente é casual, sexual e pontual, não amorosa e conjugal, como é no poliamor”, disse ao jornal da Usp.


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Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.