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Sequestrador confundiu passageiro com policial na rodoviária do Rio, diz delegado

O passageiro Bruno Lima da Costa sofreu três tiros e está internado em estado grave no Rio de Janeiro

Marcas de bala no ônibus sequestrado,que ia do Rio de Janeiro para Juiz de Fora (MG), nessa terça-feira (12)

O sequestrador do ônibus da Viação Sampaio Correia, que ia para Juiz de Fora (MG), confundiu o passageiro Bruno Lima da Costa com um PM à paisana e disparou três tiros contra a vítima, que está internada em estado grave.

Após o ataque, o criminoso, Paulo Sérgio Lima, fez 16 passageiros reféns dentro de um ônibus, na Rodoviária do Rio de Janeiro, nessa terça-feira (12).

Depois de horas de negociação, ele se entregou a polícia e está preso.

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Tentativa de fuga

Em depoimento à Polícia Civil, Paulo Sérgio Lima, de 29 anos, contou que teria atirado em um traficante na comunidade da Rocinha, Zona Sul do Rio, no último domingo (10).

Após assaltar uma van na região, passageiros denunciaram o criminoso, que entrou em confronto com uma facção criminosa local.

Com medo de sofrer represália, ele resolveu ontem (12) fugir para Juiz de Fora, em Minas. Na segunda (11), ficou hospedado em um hotel para evitar ser localizado pela polícia ou pelos traficantes.

No entanto, Paulo Sérgio enfrentou um problema inesperado no momento da fuga, que acabou aflorando os ânimos dentro do ônibus, resultando em 16 pessoas feitas como refém e um baleado. Entenda:

Pane elétrica

Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (13), o delegado Mário Andrade explicou que o ônibus da Viação Sampaio Correia teve uma pane elétrico no ar-condicionado, logo na saída, prevista para às 14h30, e precisou retornar a rodoviária do Rio de Janeiro.

“Quando ele (Paulo Sérgio) entrou no ônibus, na verdade, houve uma falha mecânica. Quando o motorista foi sair, houve uma pane. O motorista pediu auxílio de um mecânico, saiu do coletivo. Ele achou, nesse momento, que os policiais iriam buscá-lo”, disse o delegado.

Durante a manutenção, alguns passageiros desceram e entraram no ônibus. Um deles era o funcionário da Petrobras, Bruno Lima da Costa.

Ansioso devido ao imprevisto, Paulo Sérgio achava que um era um policial a paisana que ia prendê-lo, após os crimes cometidos na Rocinha no domingo (11).

“(Paulo Sérgio) fez menção de entregar a arma, o passageiro se assustou e saiu correndo. Ele, achando que eram policiais e efetuou os disparos”, explicou Mário Andrade.

Bruno passou por cirurgia para remover a bala nessa terça-feira (13). A vítima foi atingido no coração, no pulmão e no baço - órgão que precisou ser removido pelos médicos.

Ele está internada em estado grave no Instituto Nacional de Cardiologia (INC), em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, após ser transferido do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro.

Nenhum dos 16 reféns ficou ferido. Todos foram libertos com segurança após negociação do Bope.

Regressão de regime

Paulo Sérgio já tinha passagens pela polícia. Em 2011, quando ainda era menor de idade, foi apreendido por envolvimento com o tráfico de drogas,

Depois, foi preso em 2019 por assaltar passageiros de um ônibus, na Zona Norte do Rio, condenado a 17 anos de prisão em regime fechado.

O detento foi beneficiado pela progressão de regime, passando pelo semiaberto e, posteriormente, para a prisão domiciliar.

No entanto, ele descumpriu as regras do monitoramento eletrônico, deixando de se apresentar perante a Justiça e de usar a tornozeleira.

Nessa terça-feira (12), logo após o crime, a Justiça determinou a regressão para o regime semi aberto. A determinação foi feita um ano após pedido do Ministério Público.

Paulo Sérgio, que passou a noite na delegacia, vai ser transferido para o sistema prisional. A audiência de custódia deve ocorrer esta semana.

O criminoso vai responder por tentativa de homicídio contra quatro vítimas, sequestro e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.

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Formado em Jornalismo pela UFMG, com passagens pelo jornal Estado de Minas/Portal Uai. Hoje, é repórter multimídia da Itatiaia.
Diana Rogers tem 34 anos e é repórter correspondente no Rio de Janeiro. Trabalha como repórter em rádio desde os 21 anos e passou por cinco emissoras no Rio: Globo, CBN, Tupi, Manchete e Mec. Cobriu grandes eventos como sete Carnavais na Sapucaí, bastidores da Copa de 2014 e das Olimpíadas em 2016.