BMW registra patente de parafuso que só a marca consegue apertar

Peça curiosa levantou o debate sobre o direito ao reparo e os custos ao consumidor

A BMW registrou uma curiosa patente de um parafuso com desenho exclusivo que só pode ser removido com uma ferramenta específica da própria marca, iniciativa que reacendeu o debate sobre o direito ao reparo e a crescente complexidade técnica dos veículos modernos. O componente foi registrado em órgãos internacionais de propriedade intelectual e chama a atenção por fugir completamente dos padrões tradicionais de fixação usados na indústria automotiva.

O diferencial do parafuso está no formato da cabeça, inspirado em elementos do logotipo da BMW. O desenho assimétrico inviabiliza o uso de chaves convencionais, como Torx ou sextavadas, exigindo um utensílio próprio. Na prática, isso restringe a remoção do componente a concessionárias ou oficinas autorizadas, que teriam acesso ferramentas específicas.

Segundo a descrição da patente, a proposta é aumentar a segurança e evitar intervenções indevidas em partes sensíveis do veículo, garantindo que apenas profissionais treinados realizem determinados serviços. A fabricante também busca proteger a sua engenharia e assegurar padrões de qualidade nos reparos, reduzindo riscos associados a manutenções incorretas.

Por outro lado, a iniciativa gerou críticas de especialistas e representantes de oficinas independentes. Para eles, a adoção de componentes que exigem ferramentas exclusivas pode elevar os custos de manutenção para os proprietários e limitar a concorrência no mercado de reparos. A discussão se conecta ao movimento global pelo “direito de reparar”, que defende maior acesso a peças, informações técnicas e ferramentas por parte de consumidores e profissionais fora da rede autorizada.

Apesar da repercussão, ainda não há confirmação de que o parafuso patenteado será efetivamente aplicado em veículos de produção em larga escala. No setor automotivo, muitas patentes são registradas como forma de proteção intelectual e acabam não sendo utilizadas.

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Guilherme Silva gosta do meio automotivo desde que se conhece por gente, mas começou a trabalhar no setor por acaso. São mais de 15 anos de experiência na área, com passagens por iCarros, Carsale, Webmotors, KBB e Mobiauto, além de ter colaborado com as tradicionais revistas Autoesporte, Motor Show e Quatro Rodas, produzindo matérias de diferentes temas e cobrindo eventos e salões no Brasil e no exterior.

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