Queijo Minas Artesanal do Serro: Congonhas do Norte é incluída na região produtora

Decisão foi formalizada nesta terça-feira (11) pelo Governo de Minas em ação conjunta da Seapa, Emater e IMA

Inclusão de Congonhas do Norte era uma antiga reivindicação da comunidade queijeira

O município de Congonhas do Norte, localizado na região Central do estado, foi incluído oficialmente na microrregião produtora do Queijo Minas Artesanal do Serro. A decisão, formalizada nesta terça-feira (11) pelo Governo de Minas, é um reconhecimento do modo de fazer tradicional dos produtores locais e valoriza o patrimônio cultural e econômico do queijo artesanal mineiro.

“Esta inclusão é um reconhecimento do trabalho destes produtores e vai beneficiar o município, a região e o estado,” afirmou Gilson Sales, subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Seapa-MG.

Segundo Sales, a iniciativa agrega valor ao produto, ajuda a divulgar o município, estimula a organização dos produtores e incentiva a regularização das queijarias. Além disso, reforça a valorização da cultura e impulsiona o turismo em Congonhas do Norte, uma cidade conhecida por suas belezas naturais.

Da reivindicação ao selo oficial

A inclusão de Congonhas do Norte era uma antiga reivindicação da comunidade queijeira. Isabela Gruppionni, diretora de Agroindústria e Cooperativismo da Seapa-MG, explicou que o processo levou quatro anos e foi resultado de uma ação conjunta entre produtores, administração municipal e o Sistema Agricultura do Estado (Seapa-MG, Emater-MG, Epamig e IMA).

Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro (Apaqs), detentora da Indicação Geográfica de Procedência do Queijo Minas Artesanal do Serro, aprovou o dossiê histórico pela prefeitura.

Pesquisas de campo feitas pela Emater-MG, que comprovaram a semelhança do relevo, solo, clima e receita dos produtores de Congonhas do Norte com a microrregião do Serro. A validação final do estudo pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que publicou a portaria oficializando a inclusão.

Tradição

O ofício de fazer queijo é passado de geração para geração em Congonhas do Norte. José Tadeu, de 49 anos, é um exemplo: ele aprendeu a técnica aos 5 anos, com o pai. Hoje, ele e a esposa sustentam a família produzindo 28 peças diariamente, mantendo a receita dos antepassados.

José Tadeu, de 49 anos

“As vacas é que cuidam da gente. Graças a elas, eu e minha mulher educamos três filhos”, relatou José Tadeu. Ele contou que tem esperança de que o selo do QMA do Serro abra as portas para vender seu queijo em outros estados.

Microrregião do Serro

Com a chegada de Congonhas do Norte, a microrregião produtora do Queijo Minas Artesanal do Serro passa a integrar 11 municípios. A região conta com o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) desde 2011.

“Ter mais um município é um acréscimo gigantesco. São 80 produtores em Congonhas do Norte que fazem um queijo de qualidade excepcional. É muito importante que esses produtores estejam conosco para desenvolvermos juntos nossos projetos,” destacou José Ricardo, presidente da Apaqs.

O modo de fazer do Queijo Minas Artesanal na região do Serro foi o primeiro bem cultural registrado por Minas Gerais como patrimônio imaterial em 2002 (Iepha-MG). Em 2008, o reconhecimento foi ampliado nacionalmente pelo Iphan, contemplando também as regiões da Canastra e Serra do Salitre.

Série especial

Para debater o cenário do queijo mineiro, o Itatiaia Agro preparou a série especial ‘Somos do mundo, e agora? O cenário do Queijo Minas Artesanal após o título da Unesco’.

Série especial foi premiada na categoria digital pelo Prêmio de Jornalismo da Faemg.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde

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