O Brasil deixou de embarcar 453.864 sacas de 60 kg – equivalentes a 1.375 contêineres – de
Segundo o Cecafé, o não embarque se deu em função do esgotamento da infraestrutura portuária no país. Os exportadores tiveram um prejuízo de R$ 3 milhões com custos extras com armazenagem adicional, detentions (cobrança para exportar), pré-stacking (armazenagem estratégica) e antecipação de gates (acesso).
Desde junho de 2024, quando a entidade iniciou esse levantamento, as empresas associadas ao Cecafé acumulam prejuízo de R$ 78,921 milhões com esses gastos imprevistos em função de atrasos e alteração de escalas dos navios e da estrutura defasada nos principais portos de escoamento do produto no Brasil.
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A baixa desse volume de café impediu o país de receber US$ 184,183 milhões, cerca de R$ 1,022 bilhão apenas em junho deste ano, considerando o preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 405,81 por saca (café verde) e a média do dólar de R$ 5,5465 no mês passado.
O resultado reflete no menor repasse aos produtores, “uma vez que o Brasil é o país que mais transfere o preço da exportação aos cafeicultores, a uma média superior a 90% nos últimos anos”, afirmou a Cecafé.
“A nova safra de café, principalmente de canéfora (conilon + robusta), começa a chegar aos poucos para exportação e, como a estrutura dos portos não teve melhorias, já notamos um aumento de cerca de 100 mil sacas no volume total que não conseguiu embarques na comparação com maio. Esse cenário tende a se agravar, pois a principal movimentação de exportação de café se dá agora neste segundo semestre, com a chegada dos cafés novos, incluindo a espécie arábica”, explica Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé.
Investimentos e melhorias
Para o setor é fundamental a adoção de medidas dos setores público e privado, como, por exemplo, celeridade nos leilões de terminais, ampliação da capacidade de pátio e berço, fomento à diversificação de modais, com investimentos em ferrovias e hidrovias, e, principalmente, a criação de indicadores logísticos que permitam acompanhar e gerir, de forma adequada, as demandas na infraestrutura portuária do Brasil, de forma que os portos evoluam na mesma proporção do crescimento das cargas, tendo em vista o constante avanço do agronegócio nacional, em especial dos produtos que demandam contêineres para exportação, como café, carnes, algodão, açúcar, celulose, entre outros.
“O governo anunciou uma série de investimentos, que, sem dúvida, são positivos, mas que demandarão, em condições normais, pelo menos cinco anos para serem concluídos. O problema é que precisamos de ações emergenciais, que possibilitem melhorias imediatas ou, no máximo, no curto prazo, pois os setores do agronegócio que demandam contêineres seguem evoluindo e demandando cada vez mais estrutura dos portos”, afirma Heron.
O diretor técnico do Cecafé recorda que o período de entressafra de várias commodities ajudou a reduzir a pressão nos terminais e armadores durante o primeiro semestre de 2025, “contudo, como não houve aumento de capacidade dos terminais portuários, os desafios se intensificarão neste segundo semestre”.