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Aplicativo mapeia pragas que afetam a produção da macadâmia no Brasil

Sistema InsetoNutWeb reúne um acervo inédito de informações sobre conjuntos de insetos e ácaros

São Paulo é responsável por metade da produção nacional

Um novo sistema digital desenvolvido pela Embrapa Meio Ambeiten (SP) auxilia a produção brasileira de noz-macadâmia. O sistema InsetoNutWeb reúne um acervo inédito de informações sobre a entomofauna e a acarofauna, um conjunto de insetos e ácaros, sejam pragas ou inimigos naturais, registrados em plantações de macadâmia no Brasil e no exterior. A ferramenta é gratuita e pode ser acessada por sistemas iOS e Android.

A tecnologia é um sistema web em linguagem computacional, que abrange hipertextos (HTML e PHP) e banco de dados (MySQL), disponibilizando acesso on-line via internet a informações elevadas sobre insetos e ácaros-pragas de interesse para o cultivo da macadâmia. A iniciativa é fruto do acordo de cooperação técnica entre a Embrapa e a empresa QueenNut Indústria e Comércio de Alimentos Ltda.

O projeto identificou as previsões e espécies benéficas associadas ao cultivo da macadâmia em áreas produtoras do Brasil e coletou dados de países produtores do cultivo no exterior. A partir desse levantamento, a pesquisa regulamentou 18 especificações exóticas sinalizadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária como Pragas Quarentenárias Ausentes (PQA) para o Brasil. Além disso, foram descritas informações para subsidiar a identificação, o monitoramento e o manejo das espécies identificadas.

O trabalho de avaliação da entomofauna presente em plantios no Brasil ocorreu, principalmente, na área de Dois Córregos (SP). O levantamento de insetos e ácaros foi realizado em duas cultivares de macadâmia: IAC 4-12B e HAES 333, de onde foram coletados ramos, folhas, racemos e frutos, de 2020 a 2025, os quais foram levados para o Laboratório de Entomologia e Fitopatologia (LEF) da Embrapa Meio Ambiente para análise, registro, separação (parataxonomia) e armazenamento do material.

Expansão da macadâmia no Brasil

A cultura da noz-macadâmia, introduzida no Brasil na década de 1930, encontra atualmente um cenário promissor de expansão. Dados do International Nut & Dried Fruit Council ( INC) indicam que, entre 2008 e 2018, o consumo de castanhas e nozes cresceu 55% e 43%, respectivamente, em países de economia alta e média. Hoje, o país conta com plantações comerciais em nove estados: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, sendo o último responsável por metade da produção nacional.

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Apesar do potencial de crescimento, o setor enfrenta um desafio importante: a escassez de informações sobre as pragas que ocorrem nos cultivos brasileiros. Grande parte do conhecimento disponível até recentemente se baseava em estudos estrangeiros, com pouca representatividade dos cenários nacionais. Por isso, a criação do aplicativo é importante para o aprimoramento da cultura no país.

*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.