O dono do Facebook, o bilionário Mark Zuckerberg parece empolgado com seu mais novo investimento. Ele anunciou, por meio de suas redes sociais, que está estruturando a criação de gado das raças Wagyu e Angus em sua fazenda no Havaí, um arquipélago no meio do oceano Pacífico, considerado o estado norte-americano mais isolado em relação ao resto do país.
Na publicação, Zuckerberg diz que o objetivo é produzir a carne ‘com maior qualidade no mundo’ e que o gado vai crescer comendo macadâmias e bebendo cerveja. A declaração repercutiu na web.
O engenheiro agrônomo e consultor-master da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (FAEMG), Walter Miguel Ribeiro, disse que o hábito de tratar o gado com macadâmias é comum nos Estados Unidos, em regiões de grande abundância dessa castanha, mas obviamente não deve ser só isso. “Talvez ele estivesse se referindo a resíduos de macadâmia que serão usados para compor o blend de uma ração fortificada. Não dá pra saber, não dá pra falar sem conhecer o contexto da propriedade de perto e a proposta de trabalho, mas é o que se pode supor”, explicou.
Quanto à oferta de cerveja aos bovinos, o consultor acredita que o bilionário tenha feito apenas um ‘gracejo’ porque “ninguém em sã consciência, vai oferecer álcool para bovinos, ainda mais uma pessoa que deve ser muitíssimo bem assessorada como ele”. Ribeiro explicou que ele, provavelmente, estava se referindo à cevada, resíduo de cervejarias, e que é considerado um alimento funcional, assim como a aveia. “Na publicação, ele fala que produz cerveja na fazenda. Aqui no Brasil, nosso gado come cevada também. Muitas fazendas de leite compram para alimentar seus rebanhos”, revela.
Carne de Wagyu que tem ‘habilidade’ de acumular gordura entre as fibras, o que confere muito sabor
Quanto à escolha das raças Wagyu e Angus, o consultor disse que são excelentes raças com boa conversão alimentar e carne de altíssima qualidade. Ele explica que ela, também chamada de Kobe Beef, é reconhecida “a mais nobre do mundo”, com um sabor único e maciez elevada. É que uma de suas características é uma maior ‘habilidade’ de depositar gordura entre as fibras musculares, o que confere muito sabor à carne.
Além disso, a gordura dos bovinos Wagyu possuem uma alta concentração de ácidos graxos insaturados (oleico e linoleico) maiores do que as de ácidos graxos saturados (Palmíitico), ao contrário das raças de bovinos de origem europeias. Isto resulta em uma carne com maior concentração de HDL (Lipoproteína de alta densidade conhecida com o bom colesterol) e uma menor concentração de LDL (lipoproteína de baixa densidade “mau colesterol”).
“Queremos que todo o processo seja local e verticalmente integrado. Cada vaca come 5.000-10.000 libras de comida todos os anos, então são muitos hectares de macadâmia”, escreveu Zuckerberg na publicação.
Ele publicou ainda a foto de um prato com um filé gigante e fotos de sua filha plantando um pé de macadâmias no Rancho Ko’olau. “De todos os meus projetos, este é o mais delicioso”, escreveu. Segundo ele, o objetivo é produzir carnes no local com um processo integrado de pecuária e lavoura (de macadâmias).
Filha de Zuckeberg plantando um pé da macadâmias
Vale lembrar que o trato pecuário com cerveja é uma antiga tradição japonesa que está totalmente em desuso na pecuária moderna. No Brasil, há fazendas de criação de gado da raça Wagyu (a mais conhecida fica em Atibaia, interior de São Paulo e pertence a uma empresa japonesa).