Agro mineiro bate recorde histórico de exportação com US$ 18,1 bilhões em 2025

Valor do período acumulado de janeiro a novembro já é maior resultado desde o início da série histórica em 1997

Principal motor do resultado recorde foi o café

A receita das exportações do agronegócio mineiro de janeiro a novembro de 2025 atingiu o valor recorde de US$ 18,1 bilhões. O montante, que já é superior ao total de US$ 17,1 bilhões registrado em todo o ano de 2024, representa um crescimento de quase 13% e o maior resultado desde o início da série histórica em 1997.

O setor agropecuário mineiro, que já responde por quase 44% de tudo que é exportado pelo estado, enviou 643 diferentes produtos para 177 países no período.

Apesar da alta expressiva em receita, o volume total embarcado somou 15,3 milhões de toneladas, registrando uma redução de 6,6% na comparação anual.

Diversidade e estratégia

Na avaliação do Secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, o cenário positivo mostra a maturidade do agro, destacando a importância da diversidade produtiva do estado.

“A agricultura não para e os desafios são enormes, mas nós da secretaria gostamos de desafios. Temos colhido os frutos positivos a respeito do agro mineiro. Tem uma diversidade única que o diferencia de outros estados. Essa diversidade nos coloca numa situação privilegiada,” afirmou o secretário. Fernandes ressaltou que, mesmo com a ligeira queda no volume, o setor conseguiu capitalizar a valorização dos preços no mercado internacional, especialmente em relação ao café.

“O principal protagonista disso tudo é o produtor rural. Ele que faz a diferença. O governador Romeu Zena [diz]: ‘A gente não atrapalhar, já está ajudando muito’, e eu costumo repetir isso. Os números provam tudo isso: mais uma vez, batemos o recorde exportando mais do que a mineração”, disse.

Café lidera o desempenho e puxa o recorde

O principal motor do resultado recorde foi o café, commodity historicamente dominante na pauta mineira. O setor foi impulsionado pela disparada do preço médio internacional, que saltou de US$ 4.212 por tonelada para US$ 6.807 por tonelada.

Mesmo com uma redução de 12,5% no volume exportado, a receita do café atingiu US$ 10,16 bilhões, registrando um crescimento de 41%.

“O café vive um momento muito importante dentro do cenário do agro mineiro. Os preços estão firmes, existe hoje uma falta de café no mundo, os estoques estão muito baixos ou quase inexistentes e mesmo com o tarifaço nós conseguimos superar toda essa dificuldade,” detalhou Fernandes, projetando que as exportações totais de 2025 podem chegar a quase US$ 20 bilhões com o mês de dezembro.

Foco em políticas públicas e valor agregado

O Secretário citou o trabalho conjunto com as vinculadas (Emater-MG, Epamig, IMA) e a Assembleia Legislativa para facilitar a vida do produtor. Dentre as ações, destacou:

  • Irrigação sustentável: aprovação da lei de política da agricultura e irrigação sustentável e a distribuição de mais de 20.000 kits de irrigação, para fortalecer a área irrigada que hoje é de apenas 17% do total.
  • Regularização fundiária: Entrega de mais de 12.000 títulos de terra este ano, com previsão de bater 18.000 títulos ao final do mandato.
  • Pesquisa aplicada: aprovação de um PL de R$ 50 milhões para fortalecer a Epamig.

Diversificação e qualidade

O ano também se destacou pela mudança estratégica no perfil das exportações, com o fortalecimento de nichos de maior valor agregado, como os ovos e derivados (+150%), frutas (+75%) e mel natural (+31%).

O sucesso desses produtos, juntamente com a tradição em proteínas animais (bovina, suína, aves e piscicultura), reflete a diversidade única do agro mineiro. O Secretário ainda mencionou o avanço na legislação de inspeção de produtos de origem vegetal, fortalecendo a cachaça de alambique e o reconhecimento do Queijo como Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade.

“A nossa cachaça de Alambique, assim como o queijo, que esse ano ganhou o título de Patrimônio Cultural e Material da Humanidade, o nosso azeite, o nosso vinho, todos esses produtos de valor agregado têm mudado muito a vida do produtor rural e do pequeno produtor lá na ponta,” comentou.

O segmento das carnes, outra cadeia produtiva tradicional nas exportações, também foi impulsionado pela conjuntura favorável de preço e demanda, especialmente da carne bovina. A receita de todo setor (bovina, suína e frango) alcançou US$ 1,7 bilhão no período, com alta de 7% em relação ao mesmo período de 2024. Já o volume total ficou em 463 mil toneladas.

Desafio do leite

Apesar do cenário positivo geral, a cadeia do leite foi apontada como o maior desafio, com Minas Gerais estagnada em cerca de 9 bilhões de litros/ano.

“Temos uma importação predatória que vem da Argentina e do Uruguai. Estamos trabalhando junto com a Faemg e com a CNA para ver essa questão do dumping, mas o Governo Federal precisa se sensibilizar com esse problema e nós precisamos unir as forças nesse momento para essa cadeia que é fundamental em Minas Gerais,” cobrou o secretário.

Leia também

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde

Ouvindo...