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Tomate e cenoura: o que determinou a alta dos vilões da inflação de janeiro? Entenda

Além do café, cenoura e tomate foram os alimentos com maior alta dos preços, segundo dados Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Além do café - paixão nacional - a cenoura e tomate foram os alimentos mais inflacionados em janeiro deste ano, segundo dados divulgados na terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O grupo Alimentação e bebidas teve seu quinto aumento consecutivo (0,96%) no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os alimentos contribuíram com 0,21 p.p. para o índice do mês.

A alimentação no domicílio subiu 1,07%, influenciado pelas altas da cenoura (36,14%), do tomate (20,27%), e do café moído (8,56%). Por outro lado, os preços da batata-inglesa (-9,12%) e do leite longa vida (-1,53%) recuaram.

O que determinou alta dos preços da cenoura e tomate?

Segundo a analista de agronegócios do Sistema Faemg Senar, Mariana Marotta, a alta está relacionada à questões climáticas. Porém, dessa vez, não foi devido a estiagem.

‘As recentes chuvas volumosas impactaram significativamente a colheita, reduzindo a oferta de produtos como a cenoura e o tomate. Essa menor disponibilidade influenciou a elevação dos preços no início de janeiro, agravada também pelo surgimento de pragas e doenças. A produção de alimentos está diretamente atrelada às condições climáticas’, explica a analista à Itatiaia.

No entanto, a inflação dos alimentos deve ser temporária. Isso porque ao longo do segundo semestre de 2024, o preço da cenoura apresentou queda, atingindo seu menor nível em outubro. Em dezembro, o valor médio do quilo nas Ceasas foi de R$ 2,54, enquanto na CeasaMinas ficou em R$ 1,61. O tomate seguiu uma trajetória semelhante, com preços mais baixos devido à maior oferta registrada no período.

Minas Gerais se mantém como o maior produtor de cenoura do Brasil, com destaque para a região do Alto Paranaíba, principal polo nacional desse alimento.

‘Outro fator que influencia os valores nos supermercados são os custos de combustível, energia elétrica e logística, que impactam diretamente o preço final ao consumidor. Vale lembrar que o produtor rural não recebe o mesmo valor pago pelo consumidor final’, afirma Marotta.

De acordo com os dados do IBGE, o grupo de transportes foi destaque. O grupo subiu 1,30% e exerceram um impacto de 0,27 p.p. sobre o IPCA de janeiro, por influência das altas em passagens aéreas (10,42%) e ônibus urbano (3,84%).

Preço do café pode baixar em 2025?

Apesar da queda de produção e o aumento do preço do café em 2024 pelas questões climáticas, como estiagem e ondas de calor, o brasileiro continuou consumindo em massa o famoso ‘cafézinho’, a paixão nacional.

Ao todo foram consumidas 21,916 milhões de sacas em 2024. Tal volume representa 40,4% da safra de 2024, que foi de 54,21 milhões de sacas, segundo a Conab – Companhia Nacional de Abastecimento.

O Brasil segue como o maior consumidor dos cafés nacionais e em segundo lugar como
maior consumidor de café do mundo. A diferença para o primeiro lugar, ocupado pelos Estados Unidos, é de 4,1 milhões de sacas.
O consumo per capita no país, entre novembro de 2023 a outubro de 2024, foi de 6,26 kg por ano de café cru, e 5,01 kg/hab por ano de café torrado e moído, um decréscimo de 2,22% em relação ao mesmo período do ano anterior, o que é justificado pela base populacional do IBGE, que cresceu.

Segundo a ABIC, a tendência é que o consumo da bebida continue crescendo, apesar dos preços.

Safra 2025

A primeira estimativa da safra brasileira de café para 2025 aponta total de 51,8 milhões de sacas de café beneficiado, redução de 4,4% em relação à safra anterior, A informação é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)

Quando o preço pode baixar?

Com o início de 2025 chuvoso, ainda há expectativa de aumento da produção, porém gradativo e não imediato.

‘Tudo indica que os preços devem continuar elevados pelo menos até 2026 quando uma recuperação mais consistente na produção pode trazer alivio ao mercado’, explica o diretor-Executivo da ABIC, Celírio Inácio.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde