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Brasileira usa técnica maia para cultivar ‘tomates marcianos'; entenda

Estudo foi publicado na revista científica PLOS ONE e compartilhado pela pesquisadora nas redes sociais

‘Tomates marcianos’ são cultivados por brasileira

Imagina comer tomates literalmente de outro planeta? Pois bem, esse é o alvo de um experimento científico liderado pela astrobióloga brasileira Rebeca Gonçalves, que cultiva pés de tomate em um solo marciano criado por um time de pesquisadores da NASA.

O estudo foi publicado na revista científica PLOS ONE e compartilhado pela pesquisadora nas redes sociais. “Além dos resultados do experimento terem o potencial de revolucionar o jeito que futuros astronautas possam cultivar alimentos em Marte, o experimento visou também desenvolver um sistema para regeneração de solo e otimização de recursos em sistemas agrícolas”, escreveu ela no Instagram.

Além do que foi explicado por Rebeca, o plantio de tomates em territórios de outros planetas traz benefícios diretos para a Terra, podendo tratar de solos degradados por mudanças climáticas e aumentar a segurança alimentar de diversas pessoas.

Rebeca contou à BBC que se inspirou em um tio astrônomo e que sempre amou saber sobre planetas, constelações, astros e satélites. Mas, quando já era adulta, quis escolher a biologia como profissão. Ela, então, decidiu unir as duas paixões.

Já no mestrado, a pesquisadora decidiu estudar sobre esse tema no Centro de Análise em Sistemas de Colheita da Universidade de Wageningen, na Holanda, sob a orientação do ecologista e exobiólogo Wieger Wamelink, professor e um dos poucos cientistas da área.

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Trabalho em fases

A primeira fase do trabalho de Rebeca consistiu em estudar diferentes técnicas agrícolas para garantir a sobrevivência e aumentar a produtividade das plantas. Foi assim que ela descobriu a policultura, uma prática inventada pelos maias.

“A ideia é usar o mesmo espaço de terra para plantar espécies que apresentam qualidades complementares, para que uma ajude no desenvolvimento da outra”, explicou a pesquisadora à BBC.

Rebeca, então, falou para o professor sobre o plano de ter alimentos marcianos, o que foi muito apoiado por ele.

Na segunda fase, eles buscavam quais plantas incluir na pesquisa, e as selecionadas foram: cenoura, ervilha e o tomate-cereja. A lentilha porque, com a ajuda de uma bactéria que vive no solo, transforma o nitrogênio em amônia, produzindo o próprio fertilizante. A cenoura porque tem a capacidade de arejar a terra com as raízes. E, por fim, o tomate-cereja foi escolhido porque cresce em arbustos, servindo de apoio para os ramos das ervilhas e de meia-sombra para as cenouras.

Terra semelhante à de marte

Para o estudo realmente ser colocado em prática, seria necessário usar um solo parecido ao do local. Por isso, com a ajuda da NASA, foi desenvolvido um “regolito marciano a partir de um material que tem uma consistência parecida” e é “retirado de um vulcão no Havaí ou do deserto de Mojave, nos EUA”. O composto é 97% similar ao solo de marte.

Já na universidade, os tomateiros do solo marciano produziram o dobro de frutos em relação às plantas da mesma espécie que cresceram sozinhas. Os pés de ervilha, se plantados junto de outras espécies, se desenvolveram de forma similar aos tomateiros. As cenouras cresceram mais em cultivos separados.

“Agora a questão é fazer pequenos ajustes, como modificar os nutrientes ou escolher outras espécies para compor o sistema”, afirmou Rebeca.

Benefícios

Além de ajudar as futuras expedições humanas a Marte, a plantação pode ajudar em cultivos na Terra no futuro, já que o planeta enfrenta um problema com solos agrícolas degradados.

Para astronautas, cultivar colônias que vão para marte podem otimizar recursos e ajudar na alimentação e nutrição deles.


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Jornalista formada pela PUC Minas. Mineira, apaixonada por esportes, música e entretenimento. Antes da Itatiaia, passou pelo portal R7, da Record.