O Norte de Minas, região tipicamente marcada pelo clima seco, altas temperaturas e baixa pluviosidade, se transformou em um novo e promissor polo produtor de cacau. Com uma técnica de cultivo junto à banana, a região projeta uma expansão exponencial e já atrai a atenção do mercado internacional.
Pesquisas desenvolvidas na Universidade Estadual de Minas Gerais (Unimontes), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), validaram o potencial da área. O engenheiro agrônomo e especialista em Fitotecnia da Unimontes, Victor Martins Maia, afirma que estamos presenciando a consolidação de um polo de produção de cacau irrigado que pode se estender para além do semiárido, alcançando até mesmo o Cerrado.
Os números atuais já refletem o avanço:
Segundo Maia, “esses números devem chegar em 2026 a três mil hectares plantados e, para os próximos dez anos, devem superar dez mil hectares plantados”, projeta.
Para o pesquisador, essa crescente coloca Minas Gerais na rota do mercado internacional, que busca fornecimento estável e tecnificado. “O Brasil tem a possibilidade de crescer com produtividade e tecnologia e atender a demanda mundial. É uma oportunidade e vai acontecer”, afirmou.
Cacau à sombra da banana
O sucesso do cacau no Norte de Minas reside no desenvolvimento de uma técnica que substitui o modelo tradicional “na cabruca” - onde o cacau cresce sob a sombra da Mata Atlântica.
A chave é o plantio a pleno sol, uma técnica desenvolvida pela pesquisa da Unimontes. Nela, o cacau é produzido junto às lavouras de banana, que já possuem sistema de irrigação.
O cacau é cultivado à sombra da bananeira nos primeiros dois anos, passando por podas sucessivas até se preparar para suportar a produção sob sol pleno.
Segundo Maia, a estratégia não apenas viabiliza o cacau em um clima desafiador, mas também oferece benefícios econômicos diretos ao produtor.
“Do ponto de vista econômico, é vantajoso para o cacauicultor, que sempre terá uma renda. Aguardando o cacau começar a produzir, ele conta com renda da produção de banana”. Além disso, a comercialização do cacau é mais rentável, com menor volatilidade de preços em comparação à fruta mais perecível.