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Primeiro queijo Minas Artesanal orgânico do Estado vence Concurso Regional da Serra da Canastra

Iguaria foi produzida na fazenda Faz o Bem Orgânicos. Produtor Vinícius Soares largou emprego numa multinacional para se dedicar à vida no campo

O 1º Concurso Regional de Casca Florida, promovido pela Emater-MG, na região da Serra da Canastra, destacou cinco queijos. O primeiro lugar ficou com o produtor Vinícius Soares, da fazenda “Faz o Bem Orgânicos”, do município de Piumhi, seguido do queijo Pingo de Amor e do Barão da Canastra. “Uma honra inimaginável, por estarmos concorrendo com tantos mestres e mestras, produtores e produtoras de queijo que são referências pra mim; muitos, inclusive premiados internacionalmente”, disse Vinícius.

O coordenador técnico regional da Emater, Carlos Eduardo Oliveira Bovo, lembrou que o Casca Florida, embora já exista há bastante tempo, só foi regulamentado pelo IMA, via Secretaria de Agricultura no final do ano passado. Por isso, a disputa não teve muitos queijos concorrentes. Participaram desse primeiro concurso dez queijos dos municípios de São João Batista do Glória, São Roque de Minas e Piumhi. Na região, segundo Carlos, há somente 15 queijos dessa modalidade regularizados.

Critérios incluíram aspectos externos e sensoriais

  • Cada um dos nove jurados avaliou os queijos, dando notas de 0 a 100. Os quesitos avaliados foram:
  • Aspecto visual (formato e pequenos defeitos e se estava dentro das dimensões estabelecidas pelo Regulamento Técnico dos QMAs);
  • Cor - deve ser banca puxando para o creme, com superfície esbranquiçada e enrugada.
  • Critérios sensoriais, textura, consistência, olfato e sabor.
  • Cada um dos requisitos é avaliado de 0 a 10 e têm pesos distintos. Os três primeiros colocados recebem um troféu e valores em dinheiro.

Os outros participantes recebem um certificado de participação e um feed-back da nota que obtiveram.dr

Uma história de amor pelo campo e pela sustentabilidade

“A ‘Faz O Bem Orgânicos’ nasceu do sonho de pessoas que amam a terra e possuem uma ligação emocional com ela de produzir algo que fosse familiar, sustentável e ligado aos seus valores e princípios”, conta Vinícius.

Formado em engenharia agronômica pela Universidade Federal de Viçosa, ele largou o emprego numa multinacional, em 2019, e optou por voltar pra roça. “Foi uma escolha de vida para estar mais perto da natureza e da minha família”.

A propriedade de 25 hectares fica à beira do ribeirão Araras, afluente do Rio São Francisco. Deu certo! Logo, ele iniciou um longo processo, junto ao Ministério da Agricultura, para transformar todos os processos produtivos do sítio em orgânicos.

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Modelo agroflorestal integrado à paisagem

Hoje, a “Faz o Bem” conta com 3,4 hectares no sistema silvipastoril intensivo, que integra árvores, arbustos, gramíneas e leguminosas em um modelo agroflorestal integrado à pastagem em piquetes rotacionados.

Além de produzir o primeiro e único queijo Canastra orgânico certificado, o manejo é agroecológico e regenerativo.

“A proposta vem de encontro às melhorias das condições gerais da nossa propriedade, como o solo, a água, a paisagem, a biodiversidade, o microclima e o bem estar dos animais e das pessoas envolvidas no processo e em nossa comunidade”, orgulha-se o produtor.

O manejo regenerativo, segundo ele, superou o sustentável, pois visa “entregar, para as futuras gerações, um lugar melhor do que encontramos quando iniciamos nossas atividades produtivas”.

Vinícius quer produzir queijos embaixo de floresta

Ele espera que, em 5 ou 10 anos, esteja produzindo queijos debaixo de uma floresta, pois em uma área de pastagem de pouco mais de três hectares foram plantadas cerca de 800 árvores e milhares de arbustos.

Outro diferencial é que os queijos do sítio são zero lactose, pois são feitos de leite cru e fermento natural. “Essa característica permite que os microorganismos degradem naturalmente a lactose no processo de maturação”

A Faz O Bem já conquistou medalhas no Mundial do Queijo do Brasil, que reúne queijos do mundo todo e no Prêmio Queijo Brasil, que premia os melhores queijos artesanais brasileiros.

Atualmente, com os cerca de 200 litros de leite produzidos, são feitos 20 queijos Canastra por dia. “E estamos trabalhando em processos de inovação para oferecer outros queijos a partir do mesmo modo de fazer do queijo Minas Artesanal, modificando somente técnicas aplicadas ao processo de produção. Nosso propósito é “desafiar todos os dias, os processos convencionais de produção e consumo de alimentos. Não queremos produzir o melhor queijo do mundo, mas sim, o melhor queijo pro mundo”.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.



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