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Semana Internacional do Café é aberta com 30% a mais de público e boas perspectivas

Maior evento da cafeicultura da América Latina chega num momento de empolgação do setor, após anúncio de que a China irá comprar R$ 2,5 bilhões de café do Brasil nos próximos quatro anos

Autoridades discursam na solenidade de abertura da feira

Cristiano Moreira, barista do café Torrido, das Matas de Minas, com notas de cana e melaço

Com um público cerca de 30% maior do que o primeiro dia do ano passado, a Semana Internacional do Café - SIC 2024 foi aberta hoje (20) e segue até sexta-feira (22) com ampla programação de cursos e palestras, 170 marcas expositoras e a presença de cafés de todas as regiões produtoras do Brasil. “É um evento de negócios para o pequeno, o médio e grande produtor, as cooperativas, exportadores, baristas, donos de cafeterias e compradores. Esse ano, estamos com duas missões estrangeiras de países como Estados Unidos, China, Coreia do Sul e Emirados Árabes”, disse Caio Alonso, diretor de planejamento da Espresso&Co, uma das empresas realizadoras ao lado da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Seapa), da Federação da Agricultura e Pecuária (Faemg) e do Sebrae.

Durante a solenidade de abertura, o secretário de Estado de Agricultura, Thales Fernandes, lembrou que o café enfrentou, nos anos 70 e 80, pragas como o bicho-mineiro, a ferrugem, a broca; depois veio o desafio de se desenvolver variedades mais adaptadas, a questão do adensamento do plantio e a técnica da irrigação com o objetivo de aumentar a produtividade. “E, agora, nesse momento em que se realiza a 12a. edição da SIC, trabalhamos intensamente na busca dos cafés especiais, de qualidade e com pontuação máxima. Estamos procurando mercados novos e tentando mostrar para o mundo que o café que temos no Brasil é o melhor que existe. Nosso grande desafio é difundir melhor o trabalho que é feito aqui”.

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Minas já produziu 25 milhões de sacas esse ano

De acordo com o secretário, em 2024, já somam-se 25 milhões de sacas, totalizando o montante de R$ 6 bilhões na pauta de exportação. “Só exportamos mais minério do que café e, em breve, exportaremos mais café do que minério”, prometeu. Thales destacou ainda a assinatura de um Pacto pelo Trabalho Decente na Cafeicultura, que será assinado, durante a SIC, entre o Governo de Minas e a Superintendência Federal do Trabalho. “Temos que acabar de vez com qualquer analogia que se faça relacionando a cafeicultura ao trabalho ilegal, similar ao escravo”, falou.

Além disso, vale lembrar que a gestão Zema tem feito várias ações no exterior levando produtos tradicionais do Estado como o próprio café, os queijos Minas Artesanal, o azeite, os vinhos e o doce de leite, como estratégia de internacionalização.

‘É preciso melhorar o parque tecnológico para ampliar produção’, disse presidente da Faemg

Já o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo, destacou que os desafios climáticos seguirão acontecendo e que os agricultores estão preparados. “Temos tecnologia, capacidade e gente. E não somos os causadores. Somos o setor responsável pelo equilíbrio climático para que ele não seja pior, porque produzimos com sustentabilidade. Somos exemplo de uma cafeicultura sustentável e viável”, afirmou, destacando que, desde 2008, praticamente, não há desmatamento na cafeicultura mineira.

Salvo disse ainda que era um orgulho estar na 12ª Semana Internacional do Café, “com mais gente e mais gente entendendo a importância de Minas no agro. E não é agro isolado, não é a indústria isolada, o comércio isolado, uma Assembleia desconectada ou um governo que ouviu falar o que está acontecendo. É junto, só pode dar certo, se estivermos todos juntos”, falou.

Com relação ao café, ele lembrou que a feira cumpre um papel importante no sentido de ajudar as pessoas a entenderem as diferenças existentes dentro das nossas macro e microrregiões. “Não existe, com todo respeito aos outros estados, nenhuma diversidade na cafeicultura como a que nós temos. Temos paladares, microclimas, cultivares e manejos completamente diferentes. Isso é uma vantagem espetacular porque, fazendo um comparativo com os vinhos ou com a própria cachaça, temos diferentes sabores. Dizem que os vinhos têm 400 sabores. No café, são 700. Por isso, nos orgulhamos de ter café para todo os paladares e vamos trabalhar para termos cada vez mais, potencializando todas as nossas regiões produtoras”.

Europa está a ponto de fazer valer nova regra de desmatamento-zero

Representando o governador Romeu Zema (Novo), o vice-governador, Mateus Simões, falou sobre a importância da realização de mais uma SIC, uma vez que “estamos falando do segundo maior produto na pauta de exportação, que movimenta a economia e representa o sustento de pequenos (em sua maioria) e grandes cafeicultores”.

Nesse sentido, ele destacou o trabalho de ponta desenvolvido pela Emater, junto aos pequenos proprietários, para garantir o manejo, o combate a pragas e doenças e a melhor forma de colheita no sentido de que haja uma menor perda. Além disso, ele lembrou que graças à Certificação Verde, comandada pela Seapa, é possível identificar as áreas que não sofreram supressão vegetal relevante no Estado. “Isso é importante porque a Europa está a ponto de colocar a valer uma regra que determina que os países europeus não podem comprar de produtores que tenham desmatado a partir de 2008. Temos segurança em afirmar que mais de 95% do café produzido em Minas foi cultivado em áreas que não ferem essa regra”.

Acordo do Brasil com a China chega em bom momento

Caio Alonso lembrou que a SIC 2024 foi aberta um dia muito “auspicioso”, depois da China anunciar um acordo com o Ministério do Comércio Exterior e a Apex do Brasil para comprar, nos próximos quatro anos, R$ 2,5 bilhões de cafés. “Eles estão numa alta velocidade de consumo do produto, com um aumento vertiginoso das redes de cafeteria, o que, certamente, vai impactar as vendas de café no Brasil. Temos que nos preparar para esse aumento de demanda, sem nos descuidarmos da vertente ambiental, mitigando os riscos para que isso não impacte a oferta e os preços. Mesmo assim, essa é uma excelente notícia. Temos todas as ferramentas para cumprir o acordo. Somos o país melhor preparado para continuar abastecendo o mundo com cafés sustentáveis e de qualidade”, disse Caio.

Exportador capixaba se empolga com novidade descoberta na SIC

O cafeicultor capixaba Tobias Ferreira Ferrari do município de Conceição Castelo, veio à SIC pela primeira vez, em busca de troca de ideias e novidades. “Também estou iniciando no ramo da exportação e estou gostando muito da feira, superou minha expectativa em termos de organização e variedade de atrações”, disse. Já o exportador Fernando Baptista elogiou a facilidade de acesso aos fornecedores proporcionado pela SIC, tanto de máquinas, quanto de acessórios. “Pra mim que estou importando e exportando já vi um primeiro grande negócio que vou levar para o Espírito Santo com exclusividade, que são as bebidas de café gaseificadas e geladas, nos sabores de café com tangerina, limão ou laranja. Achei fantástico porque nossa região é quente e quando chega no verão, o consumo de café cai. E essas bebidas geladas surgem como uma alternativa interessante”, falou. Por outro lado, achou que o setor de máquinas agrícolas, específicas para as lavouras de café, deixaram a desejar. “Só tem tratores para o agro em geral”.

Serviço:

  • Datas: 20, 21 e 22 de novembro de 2024
  • Horário: das 10h às 19h
  • Local: Expominas – Av. Amazonas, 6200, Gameleira, Belo Horizonte, Minas Gerais
  • Ingressos neste link
    • Pessoa física: R$ 70,00 (para os três dias)
    • Visitante com CNPJ: gratuito
    • Produtor rural: gratuito
    • Visitante internacional: gratuito

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.