No início dessa semana, dez mil quilos de arroz foram apreendidos em uma rede de supermercados de Araraquara (SP) por agentes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O motivo é que a mercadoria estava classificada na embalagem com sendo da classe 1 quando, na verdade, era da classe 3, o que configura fraude ao consumidor.
A pesquisadora e especialista no grão da Epamig, Janine Guedes, explicou à Itatiaia que essa classificação, estabelecida pela Instrução Normativa 06/2009 do Mapa, vai do 1 ao 5 e depende do grau de impurezas, sendo o 5 o que tem maior quantidade de grãos quebrados, mofados e ardidos e o 1, o mais puro, com grãos melhores e maiores. “Os grãos longos e finos, sem partes quebradiças e manchas (pontinhos vermelhos podem indicar a presença de fungos) são do tipo 1. É o chamado grão padrão que, inclusive, fica mais soltinho na panela”, ensina a pesquisadora.
Tipo de manejo e de sementes interferem na classificação
Segundo Janine, a qualidade do arroz tem a ver com o tipo de manejo adotado na lavoura e com a qualidade das sementes. Por exemplo, se o agricultor colher o grão muito seco, se ele passar do tempo ou se tirar-lhe a casca na hora de beneficiar, ele tende a quebrar mais. “Se estiver muito úmido, o grão pode desenvolver mais fungos durante o armazenamento. O agricultor precisa ter cuidado na hora de identificar o momento certo da colheita, que é quando a umidade do grão fica entre 18% e 23%”. Segundo Janine, existem medidores de umidade próprios pra isso. Com relação à qualidade das sementes, ela disse que algumas cultivares, se tiverem um manejo correto, rendem uma porcentagem maior de grãos inteiros do que outras.
O Mapa estabelece que o arroz do tipo 1 pode ter até 10% de impurezas; se tiver 11% já é do tipo 2; com 50%, com certeza, vai ser do tipo 5.
Veja as porcentagens completas na tabela abaixo:
Quanto menos nobre, mais trabalho
Janine explica que o arroz com impurezas, em tese, não faz mal. Mas é importante saber que se o consumidor optar pelos tipos menos nobres vai ter mais trabalho, sendo obrigado a lavá-lo várias vezes, ‘catar’ as impurezas e passá-lo por uma peneira. Outra característica é que, quanto maior seu grau de classificação, mais ele tende a grudar na panela. Isso acontece, segundo a pesquisadora, porque os grãos mais quebradiços se juntam mais quando cozidos. “Tem gente que gosta desse arroz mais empapadinho…. Aí é uma questão de gosto…né? Minha mãe, por exemplo, compra arroz do tipo um, mas sempre pega também um pacote menor do tipo 3 pra fazer canja”, contou.
Na hora da compra, o que o consumidor precisa prestar atenção mesmo é se não está “levando gato por lebre”, pagando mais caro por um produto que não corresponde à classificação indicada no rótulo.
O Mapa orienta os consumidores que suspeitarem da qualidade de produtos vegetais, ou de origem vegetal, encontrados no comércio que denunciem a ocorrência na plataforma Fala BR, encontrada no site do Ministério da Agricultura.
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