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Pesquisa valoriza o queijo colonial gaúcho e sua produção artesanal na agroindústria

Levantamento feito por Emater/RS-Ascar, DDPA/Seapi e Ulbra analisou receitas, ingredientes, processos e aspectos socioeconômicos da produção do queijo colonial

Queijo colonial é fabricado por mulheres, caracterizadas como agricultoras familiares

O tradicional queijo colonial gaúcho é produzido tanto por produtores rurais, quanto por agroindústrias familiares do Rio Grande do Sul. Com o objetivo de catalogar suas características, a Emater/RS-Ascar, em parceria com o Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi) e a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), analisou a produção de queijo colonial.

O estudo avaliou receitas, ingredientes, processos de produção e aspectos socioeconômicos dos produtores, incluindo tanto agricultores familiares quanto agroindústrias. Os resultados estão na Circular Técnica nº 28 – Queijo Colonial: valorização de um produto tradicional do sul do Brasil, publicada pelo DDPA/Seapi.

A pesquisa também originou a elaboração do Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Queijo Colonial Artesanal do Rio Grande do Sul (RTIQ), regulamentado pela Instrução Normativa nº 2, publicada em 31 de março de 2023.

Análise dos dados

Para mapear as propriedades rurais, os pesquisadores aplicaram um questionário com 22 perguntas, divididas em três blocos: perfil socioeconômico, perfil produtivo da propriedade e caracterização do queijo.

Segundo a pesquisadora do DDPA/Seapi e doutora em Gestão, Larissa Ambrosini, a principal contribuição da pesquisa foi fornecer dados que representassem o universo de produção do Queijo Colonial do estado. “Embora a produção desse queijo faça parte da cultura alimentar do sul do Brasil e tenha grande importância socioeconômica, ainda eram escassos estudos que abordassem sua caracterização, levando em consideração os aspectos físico-químicos, microbiológicos, tecnológicos, sensoriais e sociais e realizados com amostra representativa de produtores”, destacou.

Para a definição da amostra foram usados dados do Instituto Gaúcho do Leite e da Emater (2015). De um total de 8.317 produtores, foram delimitadas 293 propriedades rurais, das quais 82 possuíam agroindústria formalizada, e 211 realizavam a fabricação de queijo colonial para consumo familiar ou denominada como fabricação caseira.

Mapeamento da produção

Os resultados mostram que o queijo colonial gaúcho tem como ingredientes leite cru ou pasteurizado, coalho e sal, apresenta formato predominantemente redondo (60,8%), seguido do retangular (33,9%); peso médio 1,22 kg e tempo médio de maturação de 9,4 dias, com alto teor de umidade e gordura.

O queijo colonial é fabricado por mulheres, caracterizadas como agricultoras familiares, a partir do leite de animais criados a pasto e empregando mão de obra familiar, há aproximadamente 20 anos. Ele deixou de ser um produto exclusivamente de consumo doméstico para contribuir com mais de 30% na renda familiar, sendo vendido predominantemente de forma direta ao consumidor.

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O estudo avaliou o processo de produção de queijos artesanais coloniais e identificou características próprias ligadas à biodiversidade locais, identificando a predominância de uma cultura alimentar do sul do Brasil, atribuindo sabor e destaque ao queijo produzido pelas influências do leite usado de vacas Jersey ou Holandesa, ou ainda, do cruzamento de ambas as raças.

*Giulia Di Napoli colabora com reportagens para o portal da Itatiaia. Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.