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Pesquisadores comprovam que complexo de cobre aumenta eficácia na aplicação de insumos; entenda

Alunos do doutorado da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) garantem que, com a novidade, será possível controlar melhor as doenças que atingem as partes inferiores das plantas

Pesquisadores avaliaram o efeito do complexo de cobre associado ao manejo químico para garantir a presença de ativos no terço inferior não pulverizado da soja.

Acaba de sair do ‘forno’ um estudo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em parceria com empresa Satis, sobre uma melhor distribuição dos fungicidas nas lavouras, um dos grandes desafios para se combater o chamado “efeito guarda-chuva” em que os defensivos não atingem a parte debaixo das plantas, ficando apenas nas folhas de cima.

De acordo com o gerente de inovação da Satis, Fabrício Porto, esse é um problema comum: os insumos aplicados ficam na parte superior da planta, em detrimento da inferior, sendo necessário criar estratégias para ajudar no deslocamento do produto por toda a planta.

Ele explicou que os testes foram feitos utilizando-se um complexo químico sistêmico de cobre aplicado, cujo nome comercial é Fulland, à cultura da soja. “Cobrimos as folhas da parte de baixo da planta e deixamos apenas a parte de cima. O produto foi aplicado junto com os fungicidas e, após 48 horas, coletamos amostras da parte de baixo que não recebeu nenhum produto. O material foi levado para o laboratório para ser analisado através de um processo chamado Cromatografia Líquida de Alta Eficiência”.

O engenheiro químico Fabrício Porto: estratégias para melhorar o deslocamento dos fungicidas pelas plantas

Os pesquisadores Jefferson Lima, João da Cunha e Manoel Batista o compararam com folhas das plantas que receberam aplicação só de fungicidas, sem o complexo de cobre. O resultado foi a constatação do aumento da mobilidade do fungicida. Isso acontece devido à compatibilidade química que o complexo de cobre tem com os fungidas, fazendo com que esses se liguem facilmente e se desloquem para a parte de baixo das plantas”.

Segundo Porto, quando usado na calda de aplicação, o produto favorece o deslocamento (translocação) de fungicidas levando à concentração de ativos no terço inferior da soja. Com isso, combate o chamado “efeito guarda-chuva”. Esta ação foi comprovada em tese de doutorado de alunos do programa de pós-graduação em Agronomia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) a partir da análise de estudos em campo.

Entenda como foi o estudo

Os pesquisadores avaliaram o efeito do complexo de cobre na calda associado ao manejo químico para garantir a presença de ativos no terço inferior não pulverizado da soja. O principal resultado do estudo, realizado durante duas safras de soja (2022/2023 e 2023/2024), comparou a ação de três fungicidas, entre eles um que é referência no combate à ferrugem asiática, aplicando os produtos apenas na parte de cima das plantas e isolando a de baixo, que representa 33.7% da produtividade. Para a comparação, a mesma prática foi replicada em outras plantas, mas desta vez adicionando o complexo à calda de pulverização.

Porto explica que, com a translocação de forma equilibrada, será possível alcançar um melhor controle das doenças nas partes inferiores e que não conseguiam ser protegidas por causa do efeito guarda-chuva. “Conseguiremos melhorar a epidemiologia, a sanidade da parte inferior das plantas e isso, consequentemente, acarretará em índices melhores de produtividades no final do ciclo”, complementa. Os testes foram promovidos no Campo Experimental da Satis, em Araxá (MG).

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.